Para o Papa Francisco, o uso de contracetivos pode ser tolerado pela Igreja Católica, como “mal menor” para combater o zika. No entanto, o aborto não é um mal menor. “É um crime, é matar uma pessoa para salvar outra. É o que a máfia faz”, afirma o Sumo Pontífice, em declarações aos jornalistas, em Roma.
Depois de uma viagem ao México, o Papa regressou a Roma e manteve um diálogo com os jornalistas que o acompanharam nesta visita. E nessa conversa abordou a questão do vírus zika, que suscita preocupações na América do Sul.
O aborto e a contraceção foram temas levantados, como forma de combater o vírus. E o Papa Francisco defendeu duas visões diferentes, em cada uma das duas temáticas.
Se a contraceção é “um mal menor”, já o aborto é inaceitável.
Francisco não tolera que o vírus zika seja combatido com práticas iguais às da máfia italiana.
“O aborto não é um mal menor. É um crime. É matar uma pessoa para salvar outra. É o que a máfia faz”, disse o papa, repudiando a prática com fervor. É um crime. É um mal absoluto”, defendeu o líder da Igreja Católica, que não quer ver exceções na defesa da vida, mesmo perante uma epidemia que ameaçam vidas.
De todo o modo, não deixa de ser curioso que o Papa tenha demonstrado alguma abertura, ainda que perante um caso específico, à ‘suspensão’ da proibição imposta pela Igreja Católica a métodos contracetivos.
Para a Igreja, o aborto não é aceitável, uma vez que, de acordo com a visão catolicista defende que a vida começa no momento em que é gerada, e não apenas no parto.
Já a contraceção é considerada um erro humano, uma vez que impede transmissão da vida.
Porém, esta não é a primeira vez que a Igreja Católica abre exceções. O Papa Paulo VI, por exemplo, emitiu uma dispensa excecional, em meados de 1968, permitindo a freiras africanas utilizar a pílula, quando correram riscos de violação.
Esse precedente foi reavivado agora por Francisco, lembrando essa “situação difícil em África”. O vírus zika enquadra-se numa questão que merece, por parte da Igreja Católica, essa exceção, segundo Francisco.
O Papa exortou os médicos, por outro lado, “a fazerem tudo para encontrar vacinas contra os mosquitos que transportam” o vírus.