Motores

“O meu lema é o de nunca desistir” defende Hugo Araújo

Hugo Araújo é reconhecido como o primeiro piloto que surgiu no automobilismo nacional vindo das corridas virtuais, sempre com uma vontade enorme de triunfar.

Em declarações à V Motores e pela Golo FM, numa entrevista conduzida pelo nosso colega Joaquim Amândio Santos, o piloto de Braga falou um bocado da forma como chegou às corridas.

Para chegar à competição real há oito anos Hugo enfrentou dificuldades ficando perto de entrar para o programa que a Nissan tinha com a PlayStation (em Inglaterra). Mas isso não o demoveu do seu sonho: “O meu lema é o de nunca desistir. Dei a conhecer a minha história a diversas entidades. Tive a ajuda de algumas pessoas e de algumas equipas, nomeadamente Conval Racing e a Martinspeed”.

“E decidimos que era importante ter um ‘cartão de visita’, ter uma primeira prova em Portugal, para iniciar os contactos com futuros patrocinadores. Estreio-me numa prova de montanha, na Rampa da Penha, aos comandos de um Mitsubishi Lancer Evo X com a Conval Racing e a ajuda do Pedro Salvador. Nunca mais me esqueço que ele me enviou um e-mail com as trajetórias que deveria fazer, que eu decorei na íntegra”, conta o piloto da BraCarDox.

Hugo Araújo enfatiza que tinha de ser mesmo assim: “Eu não conhecia a rampa, não conhecia o carro. Guiei o carro só no fim de semana da rampa. E na proposta tinha uma alínea que dizia que eu não podia bater. Era o que estava contratado”.

“Foi tanto a minha participação Inglaterra como essa participação que depois me permitiu ir em busca de apoios e patrocínios. Muitos deles que estiveram comigo logo na Rampa da Penha estão ainda hoje comigo, aos quais devo tudo o que tenho atingido ultimamente”, admite o piloto de Braga.

A partir desse ponto a carreira ‘descola’, como conta Hugo Araújo: “Em 2013 dá-se uma primeira tentativa de ingresso na velocidade, na altura no troféu Super Seven by Kia. Não consegui ter o orçamento para fazer a época completa. Em 2014 repeti o troféu. Fui terceiro no final do ano. Foi muito positivo, pois conquisto a minha primeira vitória, no Circuito de Vila Real, que marca também o ponto de viragem na minha carreira. Porque ganhar na estreia ali é sempre um excelente cartão de visita”.

“Com esse êxito em Vila Real algumas marcas juntaram-se ao projeto. Consegui em 2015 repetir o Super Seven e na última prova do campeonato estava na luta pelo título, mas um furo condicionou o resultado final. Em 2016 repeti o troféu. Venci, ganhando praticamente as corridas todas. Foi o meu primeiro título nacional, que revalidei em 2017 na classe 420R, a classe superior, com os Caterham mais potentes”, destaca o piloto minhoto.

Hugo Araújo precisava de novos desafios e por isso escolheu outras competições: “Em 2018 há uma viragem completa. ‘Atirei-me de cabeça’ para o projeto Kia Picanto GT Cup, que consegui vencer. Ganhei as seis corridas dos seis fins de semana da competição”.

“No final de 2018, e já depois de ter feito quatro provas com a BraCarDox, tinha previsto fazer o Campeonato de Portugal de Montanha completo, mas um incêndio não nos permitiu manter o carro no ativo. Assim e finalizada uma fase na carreira fui experimentar os ralis, ao mesmo tempo que junto com a BraCarDox cheguei ao vice-campeonato de turismo de Montanha”, conta o piloto bracarense.

E 2019 foi mesmo um ano que Hugo recorda com saudade: “Só o facto de estar a participar em dois campeonatos distintos foi um marco na carreira de qualquer piloto, mais ainda no meu caso, que em 2012 estava no sofá a jogar consola. Sete anos depois estar a disputar campeonatos nacionais é algo que me deixa extremamente honrado”.

“A minha vitória nos ralis e na categoria acaba por ser uma surpresa, pois neste primeiro ano o objetivo era terminar as quatro provas de asfalto onde estaríamos presentes. Sabíamos que tínhamos um carro extremamente fiável e que terminaríamos todos os ralis desde que o piloto não fizesse asneiras. Estava muito nervoso no meu primeiro rali.

Perguntava-me se conseguiria todas as notas ditadas pelo Fernando Miguel (o navegador). Felizmente no primeiro rali mostramos que estávamos competitivos e que andávamos na frente. Esta aprendizagem foi algo que me marcou bastante”, salienta o piloto minhoto.

Para este ano a aposta era prosseguir na montanha e nos rali: “O objetivo seria fazer todas as provas do Campeonato de Portugal de Montanha e também fazer a parte de asfalto do Campeonato de Portugal de Ralis, que no nosso caso se iria iniciar no Alto Tâmega em setembro, aos comandos de uma viatura nova da KIA”.

“No ano passado houve um rali e uma rampa coincidentes, algo que não sucedia no calendário inicial previsto para 2020. Com tudo isto que aconteceu acho que em seis meses não deveríamos fazer o mesmo número de provas que tínhamos previsto. Vamos ver quando tivermos ‘luz verde o que ainda é possível realizar”, remata Hugo Araújo.

Em destaque

Subir