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O esperma do pai pode transmitir sobrepeso e obesidade aos filhos

obesidade hereditáriaUm filho gordinho sai ao pai? Muito provavelmente, assegura um estudo publicado no final da semana passada. O esperma carrega informação hereditária sobre o sobrepeso, o que justifica a relação entre os pais com obesidade e os riscos dos filhos virem a ter excesso de peso.

Os genes no esperma passam também dados sobre o apetite do pai, diz o estudo publicado na revista Cell Metabolism, assim como informações sobre o desenvolvimento cerebral.

A investigação, realizada por uma equipa da Universidade de Copenhaga (Dinamarca), analisou o esperma de 23 homens, 13 deles magros e os restantes 10 obesos.

Os cientistas constataram que existem diferenças nos marcadores epigenéticos (informação que passa dos pais para os filhos) do ADN, patentes em mais de 9000 genes.

Romain Barrès, que coordenou o estudo, salientou que os homens com sobrepeso apresentaram diferenças nos marcadores epigenéticos que se encontram em regiões do genoma associadas ao controle do apetite.

Essas diferenças, contudo, não são permanentes. A investigação voltou a analisar os mesmos 10 homens (obesos) após estes terem feito cirurgias para redução do peso.

As conclusões foram surpreendentes: uma semana após as operações, o esperma dos homens obesos começou a alterar-se, ficando mais semelhante ao dos 13 magros do ensaio.

“A nossa pesquisa pode levar a uma mudança de comportamento, em especial no comportamento do pai antes da gravidez”, destacou Romain Barrès: “O senso comum diz que quando uma mulher está grávida ela deve tomar cuidados, como não beber álcool, mas o nosso estudo mostra que essas recomendações devem também ser seguidas pelos homens”.

Tal como o risco da obesidade, também a informação genética ao nível do desenvolvimento cerebral (como a apetência para comer) é passada de pais para filhos.

Falta, contudo, explicar o que justifica a hereditariedade do sobrepeso, embora a teoria principal aponte para razões evolutivas: “Foi apenas recentemente que a obesidade deixou de ser uma vantagem. Há poucas décadas, a capacidade de armazenar energia era uma vantagem para resistir a infeções e períodos de fome”.

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