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“O BES não era um polvo tentacular”, defende José Miguel Júdice

O comentador e advogado José Miguel Júdice alerta para a mensagem, que imputou aos “grupos mais extremistas”, que visa transformar Ricardo Salgado no líder da maior “máfia” portuguesa.

“Há uma estratégia, escarrapachada pela deputada Mariana Mortágua, que é usar a crise do BES para atacar o que uns chamam ‘regime’ e outros ‘sistema’, um polvo tentacular que domina tudo e todos”, defendeu Júdice, no espaço de comentário ‘As Causas’, da SIC Notícias.

“Quando se diz que o Ricardo Salgado era o dono disto tudo” está-se a considerar o ex-banqueiro como “o chefe de uma máfia, o ‘capo’”, insistiu.

Convicto de que “existem crimes” na gestão do antigo Banco Espírito Santo (BES), tanto mais que “os indícios são tão fortes” que o mais difícil é provar “que não houve crime”, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados apontou o dedo a Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, por classificar Ricardo Salgado como o líder de “um polvo tentacular”.

“Se a sociedade portuguesa achar que Ricardo Salgado era o líder de uma organização criminosa, todas as pessoas que trabalharam para o Banco Espírito Santo ou para o Ricardo Salgado, todas as pessoas que fizeram negócio com eles, todos os políticos que receberam apoio deles fazem parte, como cúmplices, de uma organização criminosa que visava dominar Portugal. É a conclusão que a extrema-esquerda e a direita radical vão querer fazer”, reforçou Júdica, apanhando também neste ideia André Ventura, do Chega.

“Não há dúvida que o Ricardo Salgado foi considerado um dos grandes banqueiros portugueses, se não o maior”, pelo que, se fosse esse líder mafioso que é apregoado pelo BE e pelo Chega, “toda a gente que o andou a elogiar e valorizar estava numa conspiração para favorecer o líder, o Al Capone ou o Don Corleone da política e da finança portuguesa”.

“O que ela [Mariana Mortágua] diz é que havia uma conspiração, que metia obviamente o Ricardo Salgado (em teoria, ele não podia fazer isto sozinho) e que apanhava os partidos do arco da governação. Ela foi muito clara falando explicitamente do PS, quando diz que as privatizações são um exemplo dessa estratégia criminosa”, sustentou o comentador e advogado.

Esta ideia de Ricardo Salgado como um ‘capo’ demonstra, no entender de Júdice, a raiz revolucionária do Bloco de Esquerda.

“A Mariana Mortágua apontou diretamente ao PS e quando aparecer o processo de Sócrates vai apontar mais. O PS faz parte de um polvo cheio de tentáculos que dominaram a sociedade portuguesa sacrificando os portugueses. Isto é uma estratégia completamente normal de um partido revolucionário. A ideia é meter medo ao PS”, explicou.

Uma estratégia que é também seguida no outro extremo do espetro político, nomeadamente por André Ventura, e que visa “destruir o sistema político português”.

“Há que entrar nos partidos, tomar posições e corroer por dentro. A tática ‘gerigôncica’ serve uma estratégia de caráter revolucionário. Do lado do [André] Ventura vai mais longe, mas creio que a esquerda radical vai chegar lá, que é atacar o Presidente do República”, reforçou: “Se os portugueses ficarem convencidos que o Ricardo Salgado era o chefe de uma máfia, a pergunta que o [André] Ventura está a fazer é: ‘então o Presidente da República passava férias com ele todos os anos e nunca se apercebeu disso?’”.

“Há aqui uma estratégia dos grupos mais extremistas para destruir o sistema político português. Não querem pegar em armas para fazer uma revolução, é uma estratégia de juntar Sócrates, Ricardo Salgado, a Europa a dar dinheiro para consolidar o capitalismo e dizer que é a estratégia de um polvo”, concluiu José Miguel Júdice.

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