Uma ONG vai recorrer à tecnologia para contornar a lei dos países onde o aborto é crime. A Women on Waves, conhecida pelos barcos que permitem abortar em águas internacionais, revelou que vai enviar drones para distribuir comprimidos de mifepristona e misoprostol.
Já imaginou uma chuva de pílulas abortivas?
Parece uma piada, mas para a organização não governamental Women on Waves pode ser a única forma de permitir às mulheres de determinados países contornar a lei, uma vez que esta proíbe o aborto.
Em comunicado, a organização adiantou que vai passar a usar drones para transportar comprimidos de mifepristona e misoprostol, dois fármacos abortivos que um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como bastante seguros.
Os estudos referem que o risco de morte associado a um aborto praticado com um destes dois medicamentos é de um para 100 mil, a mesma taxa de um aborto espontâneo.
A título comparativo, o risco de morte associado ao Viagra é cinco vezes superior ao do misoprostol.
De acordo com a mesma nota da ONG, o primeiro ‘drone do aborto’ vai descolar da Alemanha, no sábado, quando forem 11h00, rumo à Polónia, um dos países onde a legislação é das mais repressivas neste domínio.
Por enquanto, o destino final do drone ainda é segredo, para evitar o ‘contra-ataque’ das autoridades.
Apesar das recomendações da OMS, o aborto ainda é considerado crime em três países europeus: Polónia, Irlanda e Malta.
“Em países onde o aborto induzido é altamente restringido, o abortamento seguro frequentemente torna-se num privilégio dos ricos, enquanto as mulheres pobres têm pouca alternativa senão recorrer a práticas inseguras, causando mortes e consequências que se tornam responsabilidade do sistema público de saúde”, considerou a ONU, num relatório técnico sobre o aborto.
Recorde-se que a Women on Waves tornou-se conhecida por, desde 1999, ‘recolher’ grávidas a bordo de um barco que navega depois para águas internacionais (onde as leis de um país não se aplicam), regressando sem uma única gestante a bordo.