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No vazio dos Desejos e Prazeres

Observação profunda de quem sou… Detalhadamente vou libertando os desejos, os prazeres, os sonhos…Tudo aquilo que ilusoriamente faz parte da vida da espécie humana… Tudo aquilo que alimenta os sentidos… Tudo aquilo que ajuda a distrair do que realmente somos. Desde os alimentos que fazem de nós Homens de Paixão, ao consumismo do supérfluo até às relações mais intimas… A quantidade de artifícios e situações que achamos que precisamos para sermos felizes é grandiosamente ridícula tendo em conta que tudo é ilusão. Tudo tive, tudo me foi entregue, a minha zona de conforto era tão macia, tão apetecível, tão maravilhosa, que vivia apavorada só de pensar que a poderia perder, assim como, perder a própria vida ou a vida dos que me eram próximos. Vivia em estado de sítio porque a qualquer momento tudo se evaporaria… Devido ao alto grau de ansiedade que os meus pensamentos provocavam, ao imaginar que tudo poderia acabar, a felicidade e o sentimento de gratidão não faziam parte permanente dos meus dias. E assim, anos se passaram onde a minha indignação em relação ao que ia alimentando o meu interior era cada vez mais acentuada, levando-me a estados profundos de depressão consequentes do medo. Por fim, chegou o momento em que parti para o desconhecido antes mesmo que ele me surpreendesse.

Comecei por largar os desejos e prazeres físicos, tais como o pouco da densidade alimentar que poderia ter como hábito até aos vícios como café ou cigarros que nunca foram obstáculo para mim. O desmembrar da família inocentemente construída foi a decisão mais perturbadora, amarras bloqueavam o possível desfecho, desde o conforto do lar ao rendimento confortável que proporcionava a realização dos variados sonhos até aos projectos de trabalho a dois. Já para não falar do medo de ficar sem alguém que se deita e acorda ao nosso lado no dia a dia. E assim foi, desapego, desapego, desapego, dor e mais dor, libertar, libertar, libertar, caminhar em facas afiadas no que toca ao controle das emoções… Doeu…O caminho de aceitação de que tudo tive e que tudo me propus a largar foi deveras sangrante. A dificuldade em mentalizar o que o emocional não deixava encruzilhava cada vez mais o meu estado e só me fui encontrando quando comecei a deixar entrar o verdadeiro Amor. Aquele de que muito se fala mas que raras vezes me propunha a experienciar. As fraquezas humanas que vibram ao nosso redor são barreiras de dimensão absolutamente densas que não nos deixam perceber que enquanto temos o que o nosso ego deseja o Amor não pode existir. Só quando passamos pela experiência de que nada é nosso e o sentimos a escapar do nosso controle é que temos a oportunidade de iniciar a aprendizagem que nos levará à União com “algo” Superior, imperceptível ao comum mortal.

Hoje, perceber que sobrevivi a algo que achava que não iria ser possível é uma bênção.

Vivo cada vez mais leve, porque sei que nada está no meu total controle a não ser agir com a consciência de que o Amor é a única ferramenta para a minha completa evolução, assim como para a evolução do Todo. Com toda a certeza de que esta qualidade divina conquista-se no total vazio dos desejos e prazeres.

{loadposition inline}Esta é, em curtíssimas palavras, a experiência a que me propus. Aquilo que estava ao meu alcance fazer e que eu própria poderia dar início. Grata a todos aqueles que fizeram parte deste capítulo agora terminado.

Com Amor…

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