A chuva de abril esteve abaixo dos níveis normais para a época do ano, de acordo com o Instituto de Meteorologia, e não afasta o cenário de seca grave que afeta 99 por cento do território de Portugal Continental. O quadro de seca extrema foi aliviado, mas os níveis de precipitação continuam abaixo do normal.

O velho ditado “em abril, águas mil” não está a ser aplicado na sua plenitude, em 2012, e o cenário de seca permanece inalterável. As chuvas registadas neste mês do ano estão abaixo do normal para uma época do ano.

De acordo com dados do Instituto de Meteorologia (IM), a precipitação na primeira quinzena do mês ficou muito aquém do nível normal em abril, em Portugal Continental. A média de precipitação não superou os 41 por cento no norte do País, os 43 por cento na região centro e os 42 por cento no sul de Portugal.

O ano hidrológico, que tem início em outubro, assinala apenas, de acordo com o IM, 51 por cento do nível de chuvas médio. Neste quadro, a seca grave não está superada, apesar da chuva que se faz sentir nos últimos dias.

Hoje, o IM divulgou o mais recentes números da seca em Portugal: 57 por cento do território permanece em seca extrema e 42 por cento num quadro de seca severa. O problema da seca em Portugal agravara-se nos meses de fevereiro e março, segundo dados do Observatório de Secas do IM, e não melhorou em abril.

Um dos indicadores que permitem avaliar a dimensão do problema é a água no solo. Nessa altura do ano, em finais de março, esse indicador estava a 50 por cento dos valores normais e em algumas regiões do sul do País estava nos 40 por cento.

No boletim quinzenal do IM relativo a março, verificava-se que a situação de seca extrema atinge maior percentagem do território continental, em comparação com o anterior relatório, de fevereiro. No segundo mês do ano, recorde-se, 68 por cento do território estava em seca severa e 32 por cento numa situação extrema. Agora, há 53 por cento em seca extrema.

Neste quadro, Portugal preparava-se para pedir a Bruxelas apoio adicional, para agricultores que enfrentam verdadeiros dramas, pela ausência de chuvas, que apesar de surgirem em abril não atingem valores suficientes. Os aguaceiros que se fizeram sentir nos últimos dias estão longe permitir que se supere o problema.

O cenário de seca extrema fora previsto pelo IM, que apontara essa fatalidade se não se verificasse um aumento de chuvas no mês de fevereiro, depois de um janeiro de sol. Fevereiro trouxe o mesmo quadro meteorológico que se prolongou em março. Em abril, águas, mil, mas insuficientes para aliviar o desespero de quem vive da agricultura.

A ministra Assunção Cristas prometeu para amanhã um ponto de situação sobre as chuvas em Portugal. Perante críticas de inércia, Cristas reagiu, revelando que o Governo já agendou uma reunião com Dacian Ciolos, comissário europeu da Agricultura, onde será feito o ponto de situação dos efeitos da seca em Portugal.

O quadro meteorológico vai continuar pouco animador. Até ao final de abril, Portugal Continental continuará em seca.