Naturistas querem oficializar uma praia em Matosinhos
A Federação Portuguesa de Naturismo iniciou um processo de oficialização de mais uma praia naturista, desta vez a norte, no concelho de Matosinhos, disse à agência Lusa a presidente da estrutura, Filipa Gouveia Esteves.
“O processo deu entrada na Câmara de Matosinhos há cerca de duas semanas, estando nós a aguardar todo o procedimento legal necessário”, afirmou, em entrevista à Lusa.
A responsável pela federação indicou ter sido “muito bem recebida”, acrescentando que lhe foi transmitoda “total disponibilidade para avançar com o processo”.
Em Portugal, existem oito praias oficiais para a prática de naturismo, todas no sul do país, embora em muitas outras a prática seja “tolerada e habitual há vários anos”.
O naturismo não se resume, porém, à ida à praia sem fato de banho: “Temos alguns parques naturistas no nosso país onde é possível estar em harmonia com a natureza”.
Viana do Castelo, Santiago do Cacém e Marvão dispõem de parques ou pequenas unidades naturistas.
A federação tem também informação da criação de mais dois parques naturistas, em Alzejur, e na região da grande Lisboa.
“Acreditamos que num futuro próximo será possível ter mais e melhores infraestruturas para a prática naturista em Portugal”, declarou.
A iniciativa privada, considerou, “começa a perceber que este poderá ser um importante nicho turístico”.
Nas praias, referiu, há ainda “um longo caminho a percorrer”, uma vez que não têm infraestruturas de apoio, como um simples bar ou vigilância.
De acordo com Filipa Gouveia Esteves, das oito praias oficiais, apenas uma teve vigilância nesta época balnear. “Nenhuma delas tem um bar de apoio com instalações sanitárias”.
Considera que “uma grande aposta”, com investimento privado, “para dignificar as praias naturistas” em Portugal, representaria uma mais valia em termos turísticos.
Para a dirigente, Portugal é um destino naturista de excelência, pelo clima e pela costa marítima que possui: “Falta aos seus responsáveis perceberem este enorme potencial”.
A federação defende “um naturismo de prática familiar”, englobando várias gerações. “Os nossos sócios têm dos oito meses aos 88 anos”, disse, notando que durante o período da adolescência se observa um afastamento dos jovens.
“Esta realidade é transversal a todos os países e penso que está diretamente relacionada com a descoberta do corpo, da sexualidade e da necessidade de aceitação pela sociedade e pelo grupo de amizades”, explicou.
O interesse pela prática tem crescido e Portugal não é exceção, assegurou.
A Federação Naturista Internacional, que esta semana organiza o Congresso Mundial, na Costa da Caparica, reúne representantes de 31 países, representados por federações, e oito representantes oficiais de estados onde ainda não estão constituídas estas estruturas. “Estima-se que os seus membros, a nível mundial, rondem mais de 450.000 naturistas”.
Na definição de Filipa Gouveia, ser naturista é “tentar ter uma vida mais natural, onde impera a simplicidade e o respeito pelo próprio, pelo próximo, e pela natureza”.