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“Não vejo perigo”, diz Passo Coelho sobre conflito entre Juncker e Cameron

jean claude junckerPela primeira vez, o presidente da Comissão Europeia foi escolhido por maioria e não por consenso. “Não vejo perigo”, diz Passo Coelho, apesar da pressão exercida pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, para vetar a escolha de Jean-Claude Juncker.

Passos Coelho volta a posicionar-se ao lado de Angela Merkel, uma das principais apoiantes de Jean-Claude Juncker para presidente da Comissão Europeia, mas desta vez apenas dois países destoaram: Reino Unido e Hungria.

Só que esta será também a primeira vez que falhou o consenso entre os 27 (agora 28) para nomear uma das principais figuras europeias. Tudo por causa da teimosia de David Cameron, o primeiro-ministro britânico que, acossado pelo triunfo dos eurocéticos nas recentes eleições europeias, tentou de tudo para vetar a indicação de Juncker.

“Não vejo qualquer perigo”, comentou Passos Coelho, à saída da cimeira de dois dias onde 26 países votaram a favor do antigo primeiro-ministro do Luxemburgo e dois contra.

O governante português foi confrontado com os perigos para o futuro da União Europeia, em especial ter ameaçado que a nomeação do luxemburguês aumentaria a probabilidade do Reino Unido sair dos 28.

“O facto de não ter sido nomeado por unanimidade não significa que a maioria qualificada não tenha sido largamente transposta. Encaro com normalidade que não estejamos todos de acordo com o nome e o processo”, argumentou Passos Coelho.

O primeiro-ministro português realçou ainda a “esmagadora maioria de apoio” obtida por Juncker, “mais do que o mínimo que é uma maioria qualificada que o Tratado exige”.

Agora só falta, continuou Passos Coelho, que “o Parlamento Europeu habilite o presidente da Comissão Europeia com uma legitimidade reforçada”.

Foi, ainda assim, uma vitória de Pirro para David Cameron, que obrigou os líderes dos 28 a realizarem uma cimeira extraordinária de dois dias. Isto porque, à luz dos mais recentes tratados, o Parlamento Europeu exigia nomear o sucessor de Durão Barroso, que seria o candidato do partido mais votado nas recentes eleições.

“Decisão tomada. O Conselho Europeu propõe Jean-Claude Juncker enquanto próximo presidente da Comissão Europeia”, afirmaram os dirigentes dos 28 estados membros, num comunicado conjunto realizado através da conta de Twitter do presidente do Conselho, Herman van Rompuy.

A votação no Parlamento Europeu está agendada para 16 de julho, com o maior grupo europeu, o Partido Popular Europeu, a indicar também Jean-Claude Juncker. O sucessor de Durão Barroso terá de alcançar pelo menos 376 dos 751 votos parlamentares.

Só que o Reino Unido continua a insistir que o Parlamento Europeu está a exceder as competências, tendo forçando os restantes líderes europeus a votar o nome do próximo presidente da CE. Só Viktor Orban, o primeiro-ministro da Hungria, alinhou ao lado de David Cameron e votou contra a indicação de Juncker.

“É absolutamente vital que as pessoas vejam que faço aquilo que digo”, explicou Cameron, forçado a assumir uma posição de força perante o sucesso dos eurocépticos no Reino Unido durante as últimas eleições.

A resposta foi dada ainda durante a cimeira, de dois dias, pelo homólogo belga, Elio Di Rupo: “podemos compreender o seu ponto de vista, é respeitável, mas não podem bloquear sozinhos os outros 26 ou 27 países que estão de acordo”. 

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