Cultura

Ele não tinha teto, em Paris, agora tem o mundo a seus pés

O passado do músico britânico é apaixonante. Benjamin Clementine, uma estrela da música que esgota concertos, foi sem-abrigo e no metro em Paris ganhou as moedas da sua sobrevivência. Hoje, é um nome incontornável desta arte. Contamos-lhe esta história com diferentes vídeos do percurso de Benjamin num mundo de contrassensos.

Antigo sem-abrigo, Benjamin Clementine, transformou-se numa estrela da música.

É um dos músicos com maior reconhecimento da atualidade e viajou para Portugal, onde tem uma série de concertos: Braga esgotou (atuação ontem no Theatro Circo), sendo que Lisboa e Faro são os palcos que se seguem, também com os últimos bilhetes prestes a esgotar.

Benjamin Clementine transformou-se num dos grandes nomes da música britânica. Se o presente é de reconhecimento de um público deliciado, o passado é apaixonante.

O músico foi sem-abrigo e nas estações de metro de Paris e de outras cidades europeias ganhou as moedas que garantiram a sua sobrevivência.

O seu ‘público’ corria para os transportes e Benjamin mostrava a sua paixão. O seu talento esteve sempre presente, mas poucos dos seus ‘fãs’ de outrora imaginariam que aquele homem sozinho, que lutava pela sobrevivência, um dia iria ser uma estrela com o público a seus pés.

Há poucos anos, o britânico cantava e tocava guitarra em estações do metropolitano, de Paris e noutras cidades, em troca de esmolas.

Clementine dormia nas ruas da capital francesa, sob temperaturas baixas. O seu passado conta-se com expressões como pobreza e solidão. Um detalhe: o talento esteve sempre presente.

Com o tempo foi ganhando o seu espaço no mundo da música, até que no passado dia 20 Clementine conquistou o prémio ‘Mercury’, de melhor álbum de 2015, graças a ‘At Least For Now’, o seu álbum de estreia.

Regressemos ao passado. Há três anos, Benjamin Clementine tocava no metro da cidade-luz. Era ignorado por uns, os que teimosamente olham os sem-abrigo como filhos de um deus menor, mas nem todos passavam indiferentes àquela voz.

Há no YouTube diversos vídeos registados por passageiros que apreciavam os dotes do britânico. Veja este vídeo, onde tocava ‘Rehab’, da sua compatriota Amy Winehouse.

A vida de Clementine estava, no entanto, prestes a mudar. Aquelas moedas que caiam na caixa da guitarra e que produziam o som da sua sobrevivência eram o prenúncio do reconhecimento.

Não tardou em sair do metro e entrar nos grandes palcos. E aqui sim, quem o rodeava não cruzava percursos por acaso: estavam ali sentados para ouvir e aplaudir Benjamin Clementine.

A guitarra não era afinal o único talento do músico. O piano parece fervilhar nos dedos, sempre ao som daquele vozeirão seguro e… viajante.

Em 2013, de novo na sua Londres, Clementine surge pela primeira vez na televisão britânica, num programa da BBC.

Veja o vídeo desse concerto.

Estava na cara que Benjamin Clementine iria voar alto. Não, o metro não era o seu destino. Poucos meses depois, lançou o primeiro álbum, depois o segundo, numa carreira em crescendo, até à consagração.

Na sexta-feira, conquistou o prémio ‘Mercury’, dias depois dos atentados terroristas naquela Paris que tão bem conheceu. Dedicou o prémio a todas as vítimas do Daesh. Chorou, no discurso em que lembrou aquela brutalidade.

Veja esse momento.

https://www.youtube.com/watch?v=XX1lMVv9e0o

É assim a carreira de Benjamin. A crescer. O mundo que o ignorou está hoje a seus pés. É uma vida com história, mais do que a banalidade de ‘uma história de vida’.

Os dedos apontam-se na direção deste cantor britânico, cujo talento promete muitas viagens, não só em Londres, em Paris, em grandes cidades europeias.

Portugal teve a honra de receber este talentoso criador de sentimentos, que tem um passado de dificuldade. Mas Benjamin sorvia cultura. Era a cultura o seu abrigo. É a cultura o seu abrigo.

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