“Não sentimos o pagamento de impostos indiretos por sedação fiscal”, explica Bagão Félix

Uma semana após desvendar “a falácia da década“, Bagão Félix explica como é que o aumento da carga fiscal tem passado ‘despercebido’ aos contribuintes. “Há aquilo que se pode chamar uma certa sedação ou anestesia da consciência fiscal”, salientou.

No comentário semanal para a TSF, o ex-ministro das Finanças procurou simplificar os palavrões do ‘economês’ para dar a conhecer como é que os impostos aumentaram, mas os contribuintes mal deram por isso.

“Se formos descascar os números, a maior parte da receita fiscal resulta daquilo que nós chamamos em ‘economês’ os estabilizadores automáticos. Isto é, se a economia cresce, se há mais emprego, se há mais rendimento disponível, se há mais consumo, evidentemente há mais receita fiscal”, começou por enquadrar.

Só uma análise mais profunda é que permite entender se essa receita aumentou só porque a economia cresceu ou se houve outros fatores adicionais, como a eficiência do fisco na cobrança dos impostos e a incidência dos próprios impostos.

“Aqui há um aspeto interessantíssimo”, salientou Bagão Félix.

“Nos impostos indiretos, há aquilo que se pode chamar uma certa sedação ou anestesia da consciência fiscal. Não se sente tanto o seu pagamento. Sentem-se menos, mas estão lá”.

São pormenores técnicos que escapam à atenção dos contribuintes e que os políticos não têm interesse em explicar, continuou o antigo quadro do CDS.

“A esquerda sente-se agora confortável com o que sempre contestou”, ou seja, o aumento dos impostos indiretos, que “não diferenciam as classes sociais, não diferenciam pobres e ricos”.

Da parte da direita, critica-se o que “deveriam aplaudar”, pois sempre defendeu um “aumento da tributação indireta, via consumo”, mas apenas para o espectáculo mediático.

“É a política real e o pragmatismo com que se está na política”, concluiu Bagão Félix: “Pode-se defender uma coisa e o seu contrário consoante a situação em que se está”.

E, afinal, porque pagamos impostos?

“O conceito de carga fiscal pretende medir o esforço que a sociedade em geral paga para beneficiar de serviços prestados pelo Estado”, referiu o economista.

No ano passado, a carga fiscal “atingiu o valor máximo”, subindo 3200 milhões de euros.

“De uma maneira mais sintética, isto significa que nos primeiros 128 dias do ano nós trabalhamos para alimentar o Estado. Até ao dia 8 de maio estamos a trabalhar para o Estado”, exemplificou Bagão Félix.

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