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“Não nutro nenhuma simpatia pelo juiz Ivo Rosa”, garante Sócrates

José Sócrates, o principal arguido do processo Operação Marquês, não vai responder em tribunal pelos crimes de corrupção de que estava acusado, depois do juiz Ivo Rosa ter considerado que os mesmos tinham prescrito. Ao ler o despacho, o magistrado confirmou haver “indícios” de que o ex-primeiro-ministro tinha sido corrompido através do amigo Carlos Santos Silva, recriminando o Ministério Público por ter falhado em provar o “ato”.

Confrontado com a ideia do magistrado, Sócrates recusou que o juiz Ivo Rosa o tenha considerado “corrupto”, mesmo sem haver essas provas. “É preciso um mínimo de rigor, estas matérias dizem respeito à honra da pessoa. O juiz não me declarou corrupto. O juiz não determina, não faz afirmações”, argumentou o ex-governante, na entrevista de hoje à TVI.

“Estamos na fase de instrução, não se declara isto ou aqui. O que fez foi considerar que há indícios para me levar a tribunal por um determinado crime, que não consta da acusação e que é definido e apresentado pelo juiz dessa forma, dizendo que é crime de ‘mercadejar’. Isso é falso. E injusto”, insistiu Sócrates, quando confrontado com a expressão “corrupção sem ato concreto”, utilizada pelo juiz durante a leitura do despacho da decisão instrutória.

Sobre os empréstimos de Carlos Santos Silva, que considerou um “comportamento menos honesto”, Sócrates acusou o juiz Ivo Rosa de ter ‘arranjado’ essa acusação na leitura do despacho: “Esse crime nunca me foi apresentado em sete anos, eu nunca pude me defender desse crime. Ao fim de sete anos defendi-me de uma acusação em concreto, de que Carlos Santos Silva era o meu testa de ferro. Eu provei que isso era falso, fazendo o que o Ministério Público não fez”.

À saída do tribunal, Sócrates voltou a deixar críticas ao primeiro juiz de instrução do processo, Carlos Alexandre. Mesmo admitindo que os factos “indiciam” que o ex-primeiro-ministro foi corrompido, o juiz Ivo Rosa não pronunciou Sócrates por qualquer crime de corrupção. Nesta entrevista, Sócrates rejeitou a ideia, que ganhou dimensão na opinião pública, de que foi ‘salvo’ por Ivo Rosa: “Não nutro nenhuma simpatia pelo juiz Ivo Rosa, apenas o considero um juiz escolhido de acordo com a lei, o que não aconteceu com o juiz Carlos Alexandre”.

Ainda sobre “a tese da fortuna escondida”, Sócrates perdeu a paciência com o jornalista José Alberto Carvalho: “Vai-me fazer perguntas sobre a conta do meu amigo Carlos Santos Silva? Não acha que já chega? Passei sete anos a defender-me dessa acusação, a fazer a prova negativa de que dinheiro não era meu. O Ministério Público só me acusou, não fez prova”.

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