A eurodeputada bloquista, Marisa Matias, considerou hoje que as declarações do ministro das Finanças português sobre a conclusão do ajustamento da Grécia provam que “não foi Centeno que entrou no Eurogrupo”, mas “o Eurogrupo que entrou em Centeno”.
Em Leiria, na abertura da ‘rentrée’ política do BE, o Fórum Socialismo 2018, Marisa Matias condenou que a social-democracia se tenha demitido “de uma tarefa fundamental no espaço da União Europeia que é evitar a cultura da tecnocracia dominante e o esvaziamento da democracia”.
“Se dúvidas houvesse ainda hoje, as recentes declarações de Mário Centeno a propósito da conclusão do programa de ajustamento da Grécia são uma triste imagem desta realidade. Tal como previsto, não foi Centeno que entrou no Eurogrupo, foi o Eurogrupo que entrou em Centeno”, criticou.
Na opinião da eurodeputada bloquista, na verdade, “o Eurogrupo nunca saiu de dentro de Centeno” porque “o seu programa nunca foi outro a não ser o da austeridade”, destacando que “se limites houve em Portugal a alguma austeridade, deveu-se às imposições da esquerda e em particular às imposições do BE”.
“Se fosse dependente do programa de Mário Centeno, ainda estaríamos hoje em ajustamento permanente e é por isso que estranho as declarações de António Costa, ontem, em Itália porque me parece que a Europa sem austeridade de que falava o primeiro-ministro é uma ficção e Mário Centeno nem tenta fingir”, observou.
A 20 de agosto, num vídeo publicado na internet, o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, saudou ho fim dos programas de assistência à Grécia, apontando que, ao fim de oito ano, o país “reconquistou o controlo pelo qual lutou”, mas advertindo que tal também acarreta “responsabilidade” acrescida.
Marisa Matias deixou claro que crê “profundamente que a social-democracia falhou o projeto de travar a extrema-direita”, sendo a questão da esquerda a capacidade e obrigação “de tentar travar o projeto da extrema-direita”.
“A Europa do mercado único e da livre circulação de capitais, a Europa do ‘dumping’, a Europa dos vencedores e vencidos, a Europa das desigualdades foi um modelo de normalização obtido com a desistência da social-democracia”, concretizou.
Os desequilíbrios macroeconómicos, prosseguiu a bloquista, “passaram a ser identidade da União” Europeia.
“O que restou de esquerda à social-democracia europeia foram generalidades que qualquer liberal pode dizer também. Generalidades em cima do abandono dos serviços públicos e da proteção dos trabalhadores”, lamentou.
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