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“Não estou a fazer praticamente nada. Estou a viver, a passar o tempo”, diz Carlos Cruz

Em entrevista ao Cascais24, Carlos Cruz fala de um presente que nunca pensou viver. E recorda o passado que o tranquiliza: “Eu olho para trás e vejo que não fiz mal a ninguém”. Com uma aparente agonia no rosto, produz uma frase forte: “Não estou a fazer praticamente nada. Estou a viver, a passar o tempo”. Veja o vídeo.

É um homem triste que está perante o jornalista e o repórter de imagem do Cascais24.

Aos 76 anos, Carlos Cruz ainda recupera do período de reclusão e mal disfarça os efeitos da vida na Carregueira, depois de condenado por crimes de pedofilia, cuja autoria reiteradamente nega.

É nas palavras que manifesta essa tristeza. Mas também na imagem, no modo como arrasta o discurso, que contrasta com a mestria com que comunicava.

“A vida desiludiu-me muito. Não por culpa da vida, mas do ser humano. Isso provocou em mim uma enorme desilusão, na medida em que eu acreditava que o ser humano era basicamente bom. E, afinal, a quantidade de seres humanos basicamente maus é muito maior do que aquela que eu pensava. Nesse sentido, estou um bocado desiludido. Mas ainda tenho uma enorme vontade de viver. E ainda tirar da vida alguns gostos e prazeres que a vida tem para me dar, em quantidade e qualidade diferente…”, diz.

A frase é longa, na medida em que o raciocínio não pode ser cortado, evitando-se o risco de adulterar a ideia.

“Não estou a fazer praticamente nada. Estou a viver, a passar o tempo”, afirma ainda.

Carlos Cruz diz-se um “defensor da verdade”, fala em “caráter”, em “amizade”, em valores.

“Não estou triste com a vida, mas tenho levado umas pancadas que, se eu não fosse condescendente, se calhar estaria desiludido. Mas não. Estou cauteloso”, refere.

“Eu olho para trás e vejo que não fiz mal a ninguém”.

A frase lança o mote para o Processo Casa Pia, “um grande erro judiciário”, segundo Carlos Cruz, que recorre à História e faz um paralelismo com o Processo dos Távoras.

“Ainda hoje me interrogo onde estão as verdadeiras origens. Não tenho resposta para isso. acho que a partir do momento em que começou, os responsáveis por ele [processo]  perderam o controlo”, salienta.

“É uma grande vergonha, pela injustiça. Se tivessem voltado para trás, seria outra vergonha, mas estariam todos de consciência tranquila, porque tinham reposto a verdade. Para se defenderem, ampliaram a mentira”.

Veja o vídeo da entrevista ao Cascais24.

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