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“Não é bem claro” se Alemanha vai ter uma recessão – presidente AICEP

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) considera que “não é bem claro” se a Alemanha vai ter uma recessão e que é preciso ver quais as medidas orçamentais que serão tomadas.

Luís Castro Henriques falava à Lusa no final de um almoço de empresários organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, que decorreu em Lisboa.

Questionado pelos receios de recessão da Alemanha, o presidente da AICEP assumiu que “qualquer coisa que afete” um dos quatro parceiros comerciais de Portugal é motivo da sua preocupação.

“Não é bem claro se vamos ter uma recessão e em que moldes, pelo menos em que dimensão”, disse Luís Castro Henriques.

“Se formos a ver as estimativas para o ano na Alemanha ainda são de crescimento”, mas “há alguns setores que obviamente têm mais preocupações”, prosseguiu.

“Há uma larga maioria de fornecimentos [de Portugal] para a Alemanha, nomeadamente no setor automóvel, que muitos deles estão contratualizados a muitos anos, portanto tenho dúvidas que tenham uma grande alteração, independentemente do ciclo”, considerou.

“Como é óbvio, [a situação da Alemanha] tem de ser uma preocupação que tem de ser bem acompanhada, mais uma vez aqui o segredo é diversificação, diversificação, diversificação”, salientou.

“Acho que vale apena os portugueses esperarem para perceber quais são as medidas orçamentais que se vão tomar na Alemanha”, já que existe uma preocupação de todos os agentes alemães em evitar uma recessão.

“Agora tudo depende da dimensão da intervenção”, considerou.

Relativamente às relações económicas com Espanha e, nomeadamente, um eventual impacto do período conturbado que o país atravessa na Catalunha, Luís Castro Henriques afastou qualquer cenário negativo.

“A relação de Portugal e Espanha do ponto de vista comercial, só para dar uma ideia, em 20 anos quadruplicou. Portanto, é cada vez maior. Temos as cadeias de valor cada vez mais integradas e isso é bom porque tem gerado escala e eficiência para as empresas dos dois países”, sublinhou.

“A relação [entre os dois países] está a correr muito bem e, no nosso entender, ainda há muito espaço para fomentar ainda mais a relação de exportação, muito através do investimento espanhol em Portugal e português em Espanha”, acrescentou.

“A Catalunha é uma preocupação só no sentido que, como é óbvio, qualquer coisa que possa preocupar o nosso maior parceiro comercial, que representa 25 por cento das nossas exportações, tem de ser naturalmente uma preocupação, não podemos estar desatentos a isso”, afirmou.

“Agora, se está a ter algum impacto na relação que temos hoje em dia? Não”, concluiu.

Relativamente à incerteza da saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), Luís Castro Henriques disse que também não há impacto “neste momento”.

Isto porque as empresas portuguesas “estão preparadas, ou pelo menos têm uma noção dos planos de contingência que têm de ter para diferentes cenários do Brexit”.

“Continuamos com a expectativa que possa haver um acordo” que permita que “tudo flua de uma forma mais normal possível e o mais gradual”, disse o presidente da AICEP.

No entanto, “é fundamental” que as empresas “estejam preparadas e que aproveitem bem as nossas sessões de formação”, adiantou.

“Espero que este prazo adicional [no Brexit] lhes dê para finalizarem os planos de diversificação que, independentemente do Brexit ou não, também deveriam de ter de qualquer forma”, afirmou.

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