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Na Finlândia, os professores estão a receber aulas de tecnologia dos alunos

O modelo de ensino pouco ortodoxo da Finlândia levou o país ao topo de rankings globais de educação. Agora, o sistema de ensino conheceu um novo conceito que assenta, essencialmente, na inversão de papéis: desta vez são os alunos a dar aulas aos professores, para ensinar os docentes a otimizar o uso de tecnologias de informação dentro da sala de aula.

A Finlândia já é, por estes dias, um país inovador no que aos modelos de ensino diz respeito, com uma Escola adaptada à realidade atual.

O país deixa agora mais uma pegada na Educação com a implementação do projeto OppilasAgentti – ‘Agentes Escolares’, na tradução livre – que está a ser implementado, para já, em cem escolas finlandesas. O objetivo, no entanto, é alargar a ‘experiência’ a um universo total de 3 450 instituições de ensino no país.

O projeto ‘Agentes Escolares’ – em que os alunos vestem o traje de professor – é essencialmente um modelo para desenvolver as competências tecnológicas não só dos docentes, mas também de toda a comunidade, não apenas a escolar. Os alunos da escola de Hammenkyla, por exemplo, dão também aulas a idosos de lar da localidade, ensinado-os a trabalhar com as redes sociais em vários dispositivos tecnológicos.

À BBC Brasil, a diretora da escola, Pasi Majasaari, mostrou-se radiante com o funcionamento do projeto até então, e explicou que as “crianças e adolescentes aprendem a lidar com novas tecnologias” mais rapidamente que os adultos.

“É maravilhoso ter crianças até dez anos de idade a dar aulas de tecnologia aos nossos professores, e os resultados têm sido surpreendentes. Tanto para os estudantes como para os mestres”, explicou.

Majasaari sublinhou também que é fundamental que as crianças percebam o valor de cada indivíduo na sociedade.

“Acreditamos que é importante ensinar as nossas crianças a descobrir os seus potencias e a desenvolver os seus valores, e mostrar-lhes o impacto positivio que cada indivíduo pode exercer na sociedade”, sublinhou.

A iniciativa ‘Agentes Escolares’ é apenas mais uma prova de que a Finlândia já não acredita no modelo tradicional de ensino.

“O modelo de educação da era industrial treinava crianças a ficarem sentadas, quietas e em silêncio, a executar tarefas repetitivas. As crianças de hoje não querem e não precisam de ficar sentadas. Elas precisam exercitar a sua criatividade, exercer um papel ativo e serem ensinadas a pensar por conta própria”, conta Majasaari, em declarações à BBC.

O projeto extende-se a todos os dispositivos tecnológicos inseridos numa escola – desde computadores, televisões ou tablets – tendo sempre os alunos como especialistas.

Até então as reações têm sido muitio positivos, deixando todos os participantes orgulhosos do projeto.

“Os alunos estão felizes e orgulhosos de si mesmos. Alguns deles, que não eram cons alunos em determinadas matérias, adquiriram uma nova autoconfiaça”, conta Majasaari, falando num “novo conceito de aprendizagem”.

“Os nossos alunos do ensino médio já não usam livros escolares”, explicou a diretora, que tem como missão “encontrar novas formas de aprimorar a escola e dar aos alunos a possibilidade de descobrir os seus talentos, desenvolver a sua auto-estima e aprender coisas que são importantes para as suas vidas no futuro”, concluiu.

O sistema de ensino finlandês é conhecido por ter abandonado as normas tradicionais. O país conquistou excelentes resultados a nível da educação, fruto de horários reduzidos, poucos trabalhos de casa, férias mais longas e provas de conhecimento menos frequentes.

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