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Na autobiografia, Carlos Cruz revela que Europeu de 2004 teve votos comprados

A autobiografia ‘Uma Vida’, de Carlos Cruz, aborda a preparação da candidatura de Portugal ao Euro’2004. O apresentador, que presidiu à comissão executiva da candidatura lusa ao Euro’2004, conta episódios de alegados subornos. Segundo o Correio da Manhã, Carlos Cruz envolve Gilberto Madaíl e José Sócrates, então ministro adjunto do primeiro-ministro. Ambos já vieram desmentir o antigo apresentador.

Nesta terça-feira, num hotel em Lisboa, Carlos Cruz apresentou uma autobiografia, que prometia ser polémica, em virtude do processo de pedofilia que acabou em condenação. Mas o apresentador não toca apenas esse caso. Em ‘Uma Vida’, aborda episódios de alegada corrupção, tendo como objetivo a garantia de organização do Euro’2004, que Portugal viria a organizar.

Os alegados subornos de que Cruz fala terão ocorrido em meados de 1999. Em causa dois episódios, que envolvem Gilberto Madaíl, antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e José Sócrates, na altura ministro adjunto do primeiro-ministro António Guterres.

Carlos Cruz lidou de perto com o processo de organização do Euro’2004, uma vez que era comissão executiva da candidatura portuguesa.

Segundo escreve o Correio da Manhã, “Madaíl entregou envelopes com dinheiro a um presidente de uma federação para que esse votasse em Portugal e influenciasse outros dirigentes a fazer o mesmo”.

Na obra escrita por Carlos Cruz, pode ler-se: “Alguém teve a ideia de oferecer as férias ao senhor e à família”. E “à saída da reunião, Madaíl, discretamente, entregou-lhe o envelope”. “O senhor ficou muito feliz com o segundo envelope que recebeu; penso que foram 12 500 ou 15 000 dólares”, escreve o apresentador, que cumpre pena na Carregueira, num caso de pedofilia.

Carlos Cruz foi envolvido, em 2003, no escândalo Casa Pia, sendo condenado. Está a cumprir pena de prisão, por abuso sexual de menores, crime que sempre negou.

José Sócrates é envolvido no caso. Segundo o Correio da Manhã, Carlos Cruz terá tido uma conversa com o então ministro, sobre um presidente de uma multinacional, capaz de convencer várias federações a votar em Portugal, pedindo como moeda de troca “uma vivenda no Algarve no valor de 100 mil dólares”.

Escreve aquele diário, citando o livro, que Sócrates respondeu da seguinte forma: “Ó Carlos Cruz, não podemos perder isto por uma questão de dinheiro! Era o que faltava!”

“Perguntei-lhe se aquela afirmação era um ‘sim’ à proposta. Se garantisse o voto, era”, escreve Carlos Cruz.

Em declarações ao mesmo jornal, Gilberto Madaíl já veio desmentir qualquer caso de corrupção. “É deselegante e ressabiado ele envolver-me nisso. Nunca dei dinheiro a ninguém”, garante o antigo presidente da Federação.

Pedro Delille, advogado de José Sócrates, também já negou as acusações, garantindo que “não têm qualquer fundamento”.

Não havia dúvidas de que a autobiografia de Carlos Cruz prometia ser polémica. Mas a surpresa é que essa polémica tocasse a alta esfera política e desportiva.

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