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Mulheres só são mortas pelos maridos porque “pedem o divórcio”, diz arcebispo

As mulheres são assassinadas pelos maridos porque estes “não aceitam as suas imposições”, ou porque “pedem o divórcio”, defendeu o arcebispo de Toledo, Braulio Rodríguez, durante um sermão numa missa.

“Muitas vezes, a reação machista e a violência doméstica só surgem quando há um pedido de separação”

O arcebispo de Toledo, Braulio Rodríguez, manifestou a sua opinião sobre os casos de violência doméstica. E foi polémico, ao responsabilizar as mulheres pelas mortes das quais são vítimas – em Espanha, só em 2015, contaram-se 56 vítimas.

“São mortas porque os maridos rejeitam as suas imposições”, quando as mulheres “pedem o divórcio”, disse, durante uma missa em que abordou a questão do matrimónio.

“A maior parte das mulheres mortas pelos maridos são-no porque eles não aceitam as imposições delas. Muitas vezes, a reação machista surge quando há um pedido de separação”, argumentou Braulio Rodríguez, durante a homilia.

Refira-se que, quando usa a expressão “reação machista”, o pároco fala de agressões extremas – mesmo em casos de perdas humanas.

As suas palavras, numa interpretação legítima, indicam que a culpa de casos de violência doméstica (perpetrada pelo marido) é da mulher.

No seu entendimento, estes crimes “não devem ser considerados como atos de violência de género”.

O arcebispo defende que – nestes casais onde se registam casos de agressões – “não houve um verdadeiro casamento”. E esse é que é “o problema grave”, mais do que as próprias agressões.

Na sua polémica opinião, o prelado considerou ainda que na maioria das uniões afetivas “a única coisa que une o casal é o corpo, o genital e pouco mais”.

“Como se pode pensar num relacionamento entre homem e mulher sem as mais elementares regras de convivência?”, questionou.

Braulio Rodríguez criticou também a legislação que abre portas ao facilitismo no divórcio.

“Os nossos líderes políticos não estão preocupados, porque lutaram, com tanto afinco, pela implantação do chamado ‘divórcio express”, salientou.

A opinião do arcebispo foi emitida numa altura em que foram divulgados dados sobre a quantidade de mulheres mortas pelos maridos. Em Portugal, durante 2015, registaram-se 28 óbitos.

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