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Mulher que acusa Ronaldo quer anular acordo para avançar com queixa criminal

Kathryn Mayorga vai tentar anular o acordo de confidencialidade que assinou em 2010para poder acusar Cristiano Ronaldo a nível criminal, depois de ter deixado expirar os prazos legais.

Em conferência de imprensa, os representantes da queixosa começaram por explicar que Kathryn Mayorga “ficou psicologicamente muito afetada” na sequência da alegada violação.

“Ela teve uma depressão e chegou a pensar em suicídio. Tem dificuldades em manter relações e até o emprego”, adiantou uma advogada, referindo que a cliente foi diagnosticada, por um psicólogo, como sofrendo “de stress pós-traumático  em consequência de uma violação”.

Devido a esses problemas, Kathryn Mayorga “não estava capacitada” para negociar o acordo de confidencialidade que assinou com os representantes de CR7, em 2010.

Nove anos depois da suposta violação, a norte-americana apresentou queixa formal contra Cristiano Ronaldo, acusando-o de vários crimes, como violação, assédio sexual, fraude, agressão de pessoa vulnerável, conspiração, difamação, intimidação, coerção, negligência e violação de contrato.

O futebolista português “tem 20 dias para responder à queixa”, prazo que começa a contar assim que for notificado, salientou a mesma advogada.

Só que Kathryn Mayorga enfrenta um problema: já deixou expirar o prazo legal para apresentar queixa.

Nesse sentido, os advogados vão procurar anular o acordo de confidencialidade de 2010, alegando “incapacidade” da cliente.

“Existe uma preocupação em relação às limitações legais”, admitiu o advogado Leslie Stovall, da Stovall & Associates.

“Acreditamos que temos os factos para apresentar ao tribunal, com base nas circunstâncias em que o acordo foi obtido. Existem certas limitações que o tribunal vai ter de analisar e o acordo pode ser anulado”, reiterou, lembrando que ainda faltam “os resultados da investigação policial”, reaberta há dias.

No sistema judicial dos EUA, “forçar uma pessoa a aceitar um acordo pode constituir o crime de conspiração”, adiantou ainda o mesmo jurista.

Pelo meio, deixou críticas à polícia por não ter dado seguimento à investigação em 2009.

“Não encontro explicação para a polícia não ter prosseguido a investigação”, afirmou.

“Na primeira queixa à polícia, foi ouvida por agentes da polícia e não por inspetores, que a avisaram de que iria ser interpretada como alguém interessada em dinheiro e fama. Inclusivamente, já tinha ouvido isso no hospital”, acrescentou o advogado.

O defensor contestou ainda a informação de que, à data, a vítima não teria identificado devidamente o agressor.

“Duas semanas depois, a minha cliente foi inquirida por um inspetor da polícia e identificou claramente Cristiano Ronaldo”, garantiu

Os representantes legais de Kathryn Mayorga salientaram ainda que a queixa surgiu nove anos após o alegado crime devido ao movimento #MeToo.

“As mulheres que revelaram publicamente casos de abuso sexual incentivaram-na a apresentar queixa”, frisou o advogado.

Cristiano Ronaldo enfrenta uma ação cível, à qual tem de responder nos 20 dias imediatos à notificação. No máximo, o futebolista poderá ter de pagar uma indemnização.

Caso o tribunal determine a anulação do acordo de confidencialidade de 2010, Kathryn Mayorga poderá avançar com uma queixa criminal.

Neste caso, a moldura penal no estado do Nevada implica que a condenação poderá chegar à prisão perpétua.

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