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Muito peixe durante a gravidez, maior risco de obesidade nas crianças

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O peixe é uma fonte de poluentes orgânicos e uma exposição a esses químicos pode ser prejudicial.

As grávidas que consomem peixe de forma recorrente (mais de três vezes por semana) têm mais riscos de dar à luz crianças com perturbações do sistema endócrino, avança uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira nos Estados Unidos, no Journal of the American Medical Association Pediatrics.

“As mulheres que consumiram peixe mais de três vezes por semana durante a gravidez deram à luz maior número de crianças cujo índice de massa corporal era mais elevado aos 2, 4 e 6 anos comparativamente às mulheres que consumiram menos peixe”.

Se está grávida é provável que considere o peixe como o alimento ideal, ainda que tenha noção de que uma dieta saudável não passa apenas por consumir peixe.

No entanto, de acordo com uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association Pediatrics, divulgada pela AFP, o peixe é uma fonte de poluentes orgânicos, sendo que, de acordo com os investigadores, uma exposição frequência a esse tipo de produtos químicos (incluindo os desreguladores endócrinos), aumenta os riscos de desenvolver obesidade na infância ou mesmo transtornos durante o crescimento da criança.

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Este dado até nem é novo. Em 2014, a a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e a agência norte-americana para o medicamentos (FDA, que corresponde ao nosso Infarmed) alertaram as grávidas (ou mulheres que ponderavam engravidar) para os perigos de consumo de peixe de forma exagerada – mais de três vezes por semana – precisamente para evitar uma exposição do feto ao mercúrio.

Trata-se de um metar pesado e tóxico, que afeta o desenvolvimento do cérebro do bebé.

As informações divulgadas há dois anos e este estudo agora publicado nos Estados Unidos não esclarecem qual a quantidade limite de mercúrio, ou que tipos de peixe podem ser consumidos de forma mais segura, durante a gravidez.

Os investigadores realçam que não possuem ainda informação sobre esta questão, nem mesmo sobre os reais efeitos no crescimento da criança. Mas têm a certeza de que os excessos são nocivos – e é muito comum uma mulher consumir peixe mais do que três vezes por semana.

Para a realização deste estudo, os investigadores recolheram informação de 26 184 mulheres grávidas (europeias e norte-americanas) bem como os filhos que estas geraram.

Depois, estabeleceram uma ligação entre o consumo de peixe por parte da mãe, durante a gravidez, e o desenvolvimento da criança, avaliando questões como o peso excessivo e a obesidade, por exemplo. As crianças mereceram um acompanhamento até aos 6 anos.

Os investigadores verificaram que o consumo de peixe tem altas variações, dependendo do país. Em Espanha, por exemplo, em média, as grávidas consomem 4,4 vezes por semana (acima do máximo recomendado. Já na Bélgica esse número é bem mais baixo: 0,5 vezes.

No total, foram acompanhadas 8215 crianças. Um terço apresentou uma “rápida taxa de crescimento desde o nascimento até seu segundo aniversário”. Por outro lado, 4987 (19,4 por cento) e 3476 (15,2 por cento da amostra) crianças eram obesas ou apresentavam peso excessivo.

“As mulheres que consumiram peixe mais de três vezes por semana durante a gravidez deram à luz maior número de crianças cujo índice de massa corporal era mais elevado aos 2, 4 e 6 anos comparativamente às mulheres que consumiram menos peixe”, realçaram os investigadores, citados pela AFP.

Desse modo, concluem, “a contaminação dos peixes por poluentes no meio ambiente pode ser uma explicação para os efeitos observados em crianças pequenas entre a quantidade de peixe consumida por suas mães quando estavam grávidas e o aumento do excesso de peso entre as crianças”.

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