Categorias: Nas Notícias

Muçulmanos angolanos contestam proibição de culto na província de Lunda Norte

A comunidade islâmica da província angolana da Lunda Norte pediu hoje a intervenção do Presidente angolano, João Loureço, na reabertura de dezenas de mesquitas encerradas há mais de sete meses, dizendo-se “discriminados” e classificados como “igreja de terroristas”.

“Se somos todos os angolanos, porque é que não nos aceitam e não respeitam o nosso direito e liberdade de culto e religião. Daí que queria pedir ao Presidente da República para que intervenha nesta questão da Lunda Norte porque também é uma província angolana”, afirmou hoje à Lusa o secretário da comunidade muçulmana na Lunda Norte, António Muhalia.

Segundo o líder da comunidade islâmica, desde fevereiro passado que os muçulmanos naquela província, do leste de Angola, não efetuam os seus cultos pelo facto de as autoridades locais terem encerrado todas mesquitas, no âmbito da Operação Resgate, por “suposto exercício ilegal”.

Para António Muhalia, a posição do governo da Lunda Norte traduz-se numa “arbitrariedade” e “ato discriminatório” que contraria a Lei sobre a Liberdade de Religião, Crença e Culto, aprovada em maio, uma legislação que “não funciona” naquela província angolana.

A lei refere que “todas as igrejas devem fazer a recolha das assinaturas e entregar às autoridades para enviar à Luanda para o reconhecimento, mas aqui isso não acontece e é uma discriminação”, disse.

“Pessoalmente fui ao município de Cambulo e no Cuango e lá as autoridades disseram não ter qualquer autorização para remeter o documento por nós assinado”. Perante este bloqueio, “vamos recorrer onde?” – questionou.

O secretário da comunidade muçulmana na Lunda Norte diz não perceber o facto de as autoridades proibirem o exercício do islão apenas na região “quando, nas restantes 17 províncias angolanas, os muçulmanos realizam os seus cultos sem qualquer restrição”.

“Em todas outras províncias os muçulmanos rezam, mas só na Lunda Norte é que os muçulmanos são considerados terroristas, igreja terrorista, e não permitem”, atirou.

Lunda Norte conta com mais de 10.000 muçulmanos e 39 mesquitas construídas, segundo o líder da comunidade.

Muhalia lamentou ainda o facto de muitas igrejas cristãs terem sido “reabertas” e já realizam “os respetivos cultos aos domingos”.

O gabinete provincial da Cultura da Lunda Norte prometeu à Lusa fazer um pronunciamento, ainda hoje, sobre as preocupações dos muçulmanos na província.

A religião islâmica ainda não é reconhecida pelas autoridades angolanas.

A ex-ministra da Cultura angolana, Carolina Cerqueira, anunciou, em janeiro, no parlamento, durante a discussão na especialidade da Lei sobre a Liberdade de Religião, Crença e Culto, que o Governo “acompanha a evolução do islamismo no país” e que “brevemente tomaria uma posição”.

Lusa

Partilhar
Publicado por
Lusa
Etiquetas: ÁfricaAngola

Artigos relacionados

Euro Dreams resultados: Chave do EuroDreams de quinta-feira

Euro Dreams Resultados Portugal: A mais recente chave do EuroDreams é revelada hoje. Conheça os…

há % dias

2 de maio, morre Leonardo da Vinci, o maior génio da História

Leonardo da Vinci recorda-se a 2 de maio, dia da morte do maior génio da…

há % dias

Ciberataques ao setor financeiro aumentaram 53% devido ao aumento dos serviços bancários online

O relatório Threat Landscape Report, da S21sec, garante que os atacantes adaptaram as suas técnicas…

há % dias

Números do Euromilhões de hoje: Chave de terça-feira, 30 de abril de 2024

Conheça os resultados do sorteio do Euromilhões. Veja os números do Euromilhões de 30 de…

há % dias

Pilates na Ortopedia

Joana Bento Rodrigues - Ortopedista /Membro da Direção da SPOT A modalidade de Pilates foi…

há % dias

As 4 principais falhas éticas dos líderes que mais prejudicam os trabalhadores

A propósito do Dia do Trabalhador conheça os maiores erros de ética empresarial Quando os…

há % dias