Em declarações ao The Guardian, José Mourinho comentou a política desportiva de FC Porto e Sporting, que contrasta com a realidade do país. Com “pessoas a sofrer, os idosos com problemas com as reformas, salários baixos, desemprego, impostos elevados”, os dois clubes pagam “milhões” em salários e fazem contratações milionárias.

O treinador do Chelsea estranha que o futebol português não acompanhe a realidade do país. Em declarações reproduzidas pelo The Guardian, José Mourinho – que está a estagiar em Montreal, no Canadá – referiu-se sobretudo a FC Porto e Sporting, os dois clubes portugueses que mais investiram neste defeso.

“Portugal tem muitos problemas: sociais, políticos, económicos. As pessoas estão a sofrer, houve cortes de rendimentos, os idosos viram as reformas sofrerem cortes, a carga fiscal é elevada, os salários são reduzidos, falta emprego… Mas o Futebol Clube do Porto paga 20 milhões pelo Imbula e oferece um salário inacreditável ao Iker Casillas”, afirma Mourinho.

Depois, o caso do Sporting, que não investe 20 milhões no passe de um jogador, mas “paga milhões a treinadores e jogadores”, estranha o técnico português, que foi campeão europeu ao serviço do FC Porto com um orçamento muito inferior ao definido para a presente época.

“O futebol contraria a realidade”, adianta ainda José Mourinho, que numa visão mais ampla do mercado de transferências não compreende os valores de algumas transferências. Desde logo a de Sterling, jogador que vai representar o Manchester City, clube que pagou cerca de 70 milhões de euros.

José Mourinho perspetiva o próximo defeso e antevê um agravar da loucura, em nome de títulos.

“Isto é o futebol. Numa época fala-se de fair-play, na temporada seguinte fala-se das formas de como o contornar. Mas eu sinto-me feliz com a nossa política e com o modo como temos conseguido contrariar este poder”, conclui o treinador português.

José Mourinho acredita que não é preciso esbanjar dinheiro para se ser campeão. Provou-o no FC Porto e agora no Chelsea, um clube que tinha esta prática – de ‘queimar’ milhões de libras em contratações, com cheques assinados por Abramovich, mas que enfrenta agora uma realidade diferente.