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Motoristas: SIMM acusa Antram de dificultar organização da greve e serviços mínimos

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias acusou hoje a Antram de “dificultar a organização da greve e dos serviços mínimos”, por ainda não ter comunicado aos representantes dos trabalhadores a matrícula dos veículos a utilizar durante a paralisação.

“A Antram [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] já começou por nos dificultar a tarefa da definição dos serviços mínimos. Na ata [da reunião] que houve no Ministério do Trabalho ficou registado que as empresas teriam que enviar aos dois sindicatos subscritores as matrículas dos veículos que normalmente fazem serviços e as matrículas dos veículos que vão estar a circular durante o período de greve”, afirmou o porta-voz do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), Anacleto Rodrigues, em declarações à Lusa.

De acordo com o responsável, esta medida tem em vista controlar “se há ou não uma tentativa pelas partes patronais de tentar furar a greve dos trabalhadores”.

“O prazo terminou às 23:59 de ontem [quarta-feira] e a Antram ainda não nos fez chegar nada. Eles conhecem essa obrigação, está registado em ata”, assegurou.

Por outro lado, o SIMM, à semelhança do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), vai entregar ainda hoje uma providência cautelar para impugnar os serviços mínimos decretados pelo Governo.

“Serviços mínimos de 50 por cento, 75 por cento e 100 por cento [correspondem] a um dia normal de trabalho e não a um dia de greve. Como se não bastasse, declara o estado de emergência energética que vai colocar militares e outros agentes a conduzir camiões”, sublinhou.

Anacleto Rodrigues vincou ainda que a formação que está a ser dada a estes profissionais é “insuficiente” e disse que o Governo será responsável por qualquer acidente que possa vir a acontecer.

“As associações que representam estes profissionais já vieram dizer que muitos desses homens têm carta de pesados, mas já há muitos anos e que, desde aí, nunca mais conduziram”, defendeu.

O porta-voz do SIMM notou ainda que para exercer esta atividade, os motoristas têm que frequentar um curso básico de 140 horas, bem como outras formações complementares que correspondem a mais de 60 horas, a que acresce um curso específico “que consiste em conduzir uma cisterna carregada ou a meia carga e fazer manobras apertadas para testar os reflexos e para que os motoristas possam adquirir capacidades de condução defensiva”.

Portanto, a formação que o Governo anunciou que estará a ser dada a cerca de 500 profissionais “será de todo insuficiente”, reiterou.

A agência Lusa contactou a Antram para obter um comentário a estes assuntos, mas ainda não obteve resposta.

O SIMM vai realizar no sábado dois plenários, o primeiro decorrerá pelas 09:30 em Leiria e o segundo, já em conjunto com o SNMMP, pelas 16:00, em Aveiras.

O Governo decretou na quarta-feira serviços mínimos entre 50 por cento e 100 por cento para a greve dos motoristas de mercadorias que se inicia no dia 12 por tempo indeterminado.

Os serviços mínimos serão de 100 por cento para abastecimento destinado à REPA – Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, portos, aeroportos e aeródromos que sirvam de base a serviços prioritários.

O Governo decretou ainda serviços mínimos de 100 por cento para abastecimento de combustíveis para instalações militares, serviços de proteção civil, bombeiros e forças de segurança.

Também para transporte e abastecimento de combustíveis, matérias perigosas, medicamentos e todos os bens essenciais destinados ao funcionamento dos hospitais e centros de saúde, entre outras unidades de saúde, o executivo decretou serviços mínimos de 100 por cento.

O Governo fixou os serviços mínimos para a greve depois das propostas dos sindicatos e da associação patronal Antram terem divergido entre os 25 por cento e os 70 por cento, bem como sobre se incluíam trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

Também na quarta-feira, o Governo decretou, preventivamente, estado de emergência energética, no âmbito do pré-aviso de greve, permitindo a constituição da REPA, com 54 postos prioritários e 320 postos de acesso público.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo SIMM, que acusam a Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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