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Mostra da Gulbenkian faz percurso através do último século com obras de mulheres artistas

Um percurso expositivo por mais de uma centena de obras de mulheres artistas, ao longo do último século, em Portugal, vai estar patente a partir de 31 de maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O percurso intitula-se “As mulheres na Coleção Moderna. De Sonia Delaunay a Ângela Ferreira 1916-2018”, tem curadoria de Patrícia Rosas, e vai destacar trabalhos de pintura, desenho, ilustração, têxteis, fotografia, vídeo, escultura e instalação, de uma seleção de criadoras, indicou à agência Lusa fonte da fundação.

Pensado cronologicamente, de 1916 a 2018, e por tipologia, o percurso acompanha os três pisos de exposição da Coleção Moderna, com as obras em papel a serem destacadas nas primeiras décadas do século XX, segundo a curadora.

Mily Possoz e Ofélia Marques estão representadas com desenhos e gravuras em que o tema das crianças e da figura feminina sobressai, enquanto Maria Antónia Siza, tem uma sala dedicada aos seus trabalhos.

Nesta década, quando a abstração começava a ganhar força, Paula Rego produzia pinturas de inspiração surrealista, através do uso da colagem, “afastando-se nominalmente da abstração, mas criticando fortemente o regime salazarista e franquista nas suas pinturas”, segundo um texto da Gulbenkian sobre este novo percurso.

As mulheres portuguesas puderam finalmente votar, nas eleições legislativas de 1969 – desde que soubessem ler e escrever -, mas as limitações dos seus direitos, até um ano depois do 25 de Abril de 1974, passavam por não poderem sair do país sem o consentimento dos maridos, abrir conta bancária ou tomar contracetivos.

A Revolução dos Cravos incentivou o regresso de muitos artistas a Portugal, depois de se terem autoexilado nos principais centros artísticos europeus, Londres e Paris.

Ana Hatherly fez parte deste grupo e, no seu retorno ao país, documenta a Revolução, rasgando os cartazes das fachadas das ruas de Lisboa, e com um gesto forte, de destruição, preconiza também um corte urgente com um passado ditatorial.

Os “ambientes” de Ana Vieira – as primeiras criações instalativas de uma mulher artista em Portugal –, ou o trabalho em fotografia, em série, de Helena Almeida, bem como a poesia espacial de Salette Tavares surgem nos anos de 1970, sendo todas estas obras inovadoras para a época, em anos de transição no país.

A produção de escultura em pedra maciça e néon de Clara Menéres, de cariz conceptual, marca a década de 1980, num regresso à monumentalidade da tradição escultórica.

O vídeo e a fotografia tornam-se meios de produção mais próximos também das mulheres artistas a partir dos anos de 1990, embora estas se dediquem igualmente, à pintura, à escultura e ao desenho.

Susanne Themlitz, Cecília Costa, Susana Gaudêncio ou até mesmo Ângela Ferreira, artista moçambicana que trabalha o impacto do colonialismo e pós-colonialismo na sociedade contemporânea, veiculam esta diversidade que marca as primeiras décadas do século XXI.

A mostra da Gulbenkian faz um percurso através das obras das mulheres artistas, mas também através das realidades do último século que essas obras refletem.

Lusa

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