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Morreram 31 em Chernobyl. Mas quantos matou a contaminação radioativa?

Faz hoje três décadas que explodiu o reactor número quarto da central nuclear de Chernobyl, na União Soviética. O mundo ocidental só o soube a 28 de abril. Os dados oficiais revelam que morreram 31 pessoas a conter o incêndio e a contaminação, mas quantas vítimas fez Chernobyl?

Nas contas das Nações Unidas, até 2005 tinham morrido mais de 4000 pessoas devido aos efeitos a longo prazo da contaminação. O estudo foi criticado por várias entidades científicas e ambientais, que acreditam num número superior de mortos.

A nível oficial, o acidente só matou 31 pessoas. A União Soviética, entretanto fragmentada (Chernobyl fica na atual Ucrânia), mobilizou 1800 helicópteros e milhares de técnicos e militares para conter o incêndio que deflagrou no dia 26 de abril de 1980 e do qual só se soube a 28 de abril, na Dinamarca. Na Alemanha, a notícia só chegou no dia 29.

A disseminação de nove toneladas de partículas radioativas e a desinformação assegurada pelos responsáveis políticos da época tornaram impossível calcular os efeitos do desastre de Chernobyl, o maior acidente nuclear a que o mundo assistiu.

Três décadas depois, a contaminação radioativa é ainda uma realidade.

“As áreas contaminadas continuarão dessa forma por pelo menos décadas. Existem elementos químicos que resistem por séculos, mas a coisa mais importante é que devemos estar de olho no desenvolvimento nuclear. Parece que o mundo ainda não leva a sério as consequências de Chernobyl, já que, 25 anos depois, aconteceu a catástrofe de Fukushima”, alertou o presidente da União Chernobyl, Valery Makarenko, que nesse ano foi o primeiro repórter a cobrir a explosão do reator.

Este ativista ucraniano lembrou ainda o “preço altíssimo” pago pelos “liquidadores”: os trabalhadores, os bombeiros, os militares e os voluntários que construíram um gigantesco sarcófago de cimento (fechado em novembro) para conter a contaminação.

“Dos 350 mil liquidadores ucranianos apenas 120 mil estão vivos. Eles pagaram um preço altíssimo e ainda o pagam”, insistiu Makarenko.

“Trinta anos, para uma catástrofe nuclear, é só o princípio. Mesmo que a memória das pessoas falhe acerca do que aconteceu em Chernobyl, o legado radioativo permanece. É muito difícil associar diretamente um caso de cancro a Chernobyl, estas doenças não trazem uma etiqueta de origem, mas podemos basear-nos nas estatísticas”, argumentou o médico alemão Alex Rosen, que tem investigado os efeitos na saúde do acidente.

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