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MNE brasileiro defende direito de rejeitar pactos globais pelo meio ambiente ou migrações

O ministro da Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, considerou hoje que a saída do país de acordos globais em relação ao meio ambiente ou migrações constitui uma forma de manter a soberania brasileira.

“Nas negociações sobre meio ambiente, questionamos o facto de, muitas vezes, serem negociações conduzidas pelas Organizações Não-Governamentais (ONG) com uma agenda que não se sabe de onde vem e que implica, muitas vezes, uma perda de soberania”, afirmou o ministro brasileiro, numa palestra académica durante a visita a Buenos Aires.

“É preciso de falar sobre isso sem medo. Na Amazónia, por exemplo, há áreas mais sob influência de ONG que do Estado brasileiro”, denunciou, salientando, no entanto, que essa desconfiança não significa uma carta branca para destruir.

“Isso não significa que queiramos destruir a Amazónia”, defendeu-se.

Para Ernesto Araújo, é necessária coragem dos governantes para ter essa atitude de defender os interesses nacionais.

“São esses estereótipos, perante os quais, em momentos anteriores, governantes detinham-se. Quando recebiam uma crítica ou quando eram acusados de determinados estereótipos pediam desculpas e recuavam”, disse, salientando que o atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é diferente.

“Uma das virtudes do nosso Presidente é que não tem medo desses estereótipos. E fala a partir dos interesses e a partir da realidade”, assinalou.

Outro instrumento criticado pelo ministro brasileiro foi o Pacto Global para Migração, adotado oficialmente pela ONU em dezembro do ano passado e do qual o Brasil se retirou em janeiro, juntando-se a países como Estados Unidos, Hungria, Chéquia, Polónia ou Israel.

“Questionamos o instrumento do Pacto Global de Migrações não porque sejamos contra as migrações, mas porque acreditamos que são questões que devam ser tratadas em âmbito nacional e não por uma entidade supranacional nem por parâmetros internacionais porque as migrações são diferentes em cada caso”, explicou.

“Queremos trabalhar com a realidade e não com a narrativa da realidade, sem aceitar os bloqueios mentais e do pensamento”, anunciou Araújo durante uma palestra sobre “A nova política externa brasileira” no Conselho Argentino para as Relações Internacionais (CARI).

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