“Ministros não falam uns com os outros”, revela Manuela Ferreira Leite
A execução orçamental é a prova de que os ministros não falam uns com os outros, defendeu Manuela Ferreira Leite. Como exemplo, a comentadora apresentou o caso das 35 horas por semana dos enfermeiros.
No comentário semanal para a TSF, a ex-ministra das Finanças questiona como é possível apresentar uma perspetiva de execução orçamental que ignora o efeito da passagem dos enfermeiros das 40 para as 35 horas semanais quando o mesmo Governo assume as negociações para essa alteração.
“Estamos a enfrentar um conjunto de movimentos reivindicativos pesados que têm influência na execução orçamental”, salientou: “Já não falo na questão dos professores, porque não terá efeitos na execução deste Orçamento, mas já não é assim relativamente aos enfermeiros”.
Manuela Ferreira Leite considerou que “é impossível” que a redução do horário dos enfermeiros “não tenha efeitos no Orçamento” de Estado para 2018.
“A verdade é que no Orçamento não estão inscritos esses valores”, reforçou.
Para a comentadora, se o ministro da Saúde assume estar “a negociar com os sindicatos” é porque está a preparar “alguma solução”.
Porém, o ministro das Finanças não faz qualquer referência ao impacto dessa mesma solução na execução orçamental.
“Em qual acreditar? Na perspetiva do ministro das Finanças, em que nada vai ser feito, ou do ministro da Saúde, em que alguma coisa vai ser feita?”
Este conflito mostra uma divisão profunda no Governo, acentuou a ex-presidente do PSD.
“Dá a sensação em que há um conselho de ministros em que os ministros não falam uns com os outros”.
“Se falassem, deviam perguntar onde é que está o dinheiro para as medidas que tomaram”, complementou.
Todo este quadro envolvendo a alteração do horário dos enfermeiros “é um exercício de irresponsabilidade politica como tenho visto poucos”, insistiu a comentadora.
“Torna um bocadinho inútil a publicação da perspetiva orçamental até ao final do ano”, concluiu Manuela Ferreira Leite.
