O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse hoje que há 20 anos que o país não autorizava a compra de novos comboios, ditando a ferrovia a uma “situação de letargia”.
Durante o lançamento do concurso para a compra de 22 novos comboios para a CP, na estação de Marco de Canaveses, distrito do Porto, o governante referiu que se Portugal quer uma ferrovia competitiva e a oferecer um bom serviço aos passageiros tem de investir.
“Estamos a recuperar de um atraso de décadas que deixou a rede ferroviária a definhar e onde o verbo encerrar era o que se conjugava mais vezes”, salientou.
Pedro Marques considerou que o “desinvestimento” do anterior governo na ferrovia foi “muito grande”, deixando este setor “parado”.
O atraso na ferrovia foi também agravado pela redução de pessoal na Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) que o anterior governo tentou privatizar, afirmou.
“A estratégia, como é habitual na direita, foi primeiro dar cabo da EMEF ao reduzir a capacidade de serviço e em mais de 20 por cento os trabalhadores para, depois, justificar a sua privatização”, sustentou.
Por isso, o lançamento do concurso público internacional para a aquisição de 22 comboios demonstra a prioridade do Governo na modernização da ferrovia em Portugal e em recuperar de um “atraso de décadas”, vincou.
Em 2018, o investimento ferroviário duplicou em relação a 2017, revelou.
Esses novos comboios destinam-se às linhas regionais porque, justificou o ministro, foram “sendo esquecidas” com algumas delas a funcionarem com material circulante de meados do século XX e sem condições adequadas para os passageiros.
“Quando o Governo diz que dá prioridade ao interior isso também tem de se materializar em atos concretos”, sustentou.
Pedro Marques adiantou ainda que no âmbito do Programa Nacional de Investimentos o Governo quer que a ligação Porto-Lisboa se faça em menos de duas horas, estimando um aumento de 30 por cento na procura.
No domingo, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) considerou insuficiente a compra para a CP – Comboios de Portugal de 22 novos comboios.
Em comunicado, a FECTRANS saudou o lançamento do concurso e a aquisição de novos comboios, mas afirmou serem medidas “insuficientes para responder aos problemas atuais e futuros” da CP.
Confrontado com esta posição, Pedro Marques ressalvou não entender essa apreciação como uma crítica, mas como um estímulo.
O contrato para a compra de 22 unidades automotoras, por 168 milhões de euros, tem um prazo de execução de oito anos, segundo anúncio do procedimento publicado em Diário da República.