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Ministro da Defesa anuncia na ONU o início de negociações para cooperação militar da CPLP

Portugal já iniciou negociações para a cooperação militar com os restantes países lusófonos, anunciou hoje o ministro da Defesa português, numa conferência ministerial da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Portugal iniciou um processo de negociações com os outros oito parceiros de língua portuguesa para explorar, no contexto da nossa cooperação na defesa, formas de reunir os acumulados conhecimentos, a fim de aumentar as capacidades de cada um dos países”, anunciou hoje João Gomes Cravinho, num painel de alto nível que reúne líderes de mais de 110 países, na sede da ONU, em Nova Iorque.

O ministro disse em entrevista à Lusa que se trata de uma proposta nova de trabalho, iniciada por Portugal junto dos outros países lusófonos, para a formação de militares da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Na entrevista, o governante partilhou a “expetativa de que a CPLP possa vir a ser (…) uma instituição promotora, exportadora de paz e estabilidade para outras partes do mundo”.

Desta forma, o governante português disse às Nações Unidas que os trabalhos da CPLP irão garantir que a experiência pode ser partilhada com os outros Estados-membros da ONU, que, atualmente, são 193 países.

Na sua primeira intervenção numa conferência da ONU enquanto ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho defendeu que os objetivos estabelecidos a nível mundial no quadro das Nações Unidas só serão realmente cumpridos com soluções multilaterais “tangíveis” e “reafirmadas”.

O ministro da Defesa Nacional falou também sobre a experiência de Portugal como fornecedor de contingentes militares em várias missões de paz da ONU, como na República Centro-Africana, Mali ou Colômbia e revelou que o país pretende reforçar a cooperação com o Departamento de Operações de Paz (DOP) da ONU.

O governante disse que Portugal vai continuar trabalhos com o DOP para a organização de cursos de formação mistos, com presença igual de homens e mulheres, para treino das capacidades militares e de orientação.

Segundo o responsável, o plano da participação militar portuguesa em missões internacionais vai incluir a apresentação de uma nova iniciativa de treino das tropas antes do seu envio para os teatros de operações (pré-destacamento), dando prioridade também ao aumento de capacidades a nível médico e no âmbito da saúde das missões.

O ministro disse-se “orgulhoso por anunciar” que o atual contingente português para a MINUSCA, com perto de 200 militares portugueses, é constituído, também, por mulheres.

As condições na República Centro-Africana obrigaram a que as tropas portuguesas “desenvolvessem e testassem capacidades fundamentais contra emboscadas em ambiente urbano”, disse o ministro da Defesa Nacional.

Os militares portugueses adaptaram-se à realidade centro-africana através de operações militares e policiais conjuntas com contingentes de outros países e em cooperação próxima das autoridades locais, disse.

Finalmente, João Gomes Cravinho destacou também as capacidades de última tecnologia do Centro Meteorológico e Oceanográfico Naval de Lisboa (CMETOC), criado em 2017 pelo Instituto Hidrográfico, que, referiu, pode “explorar análises de sensoriamento remoto, mapeamento e geoespaciais” a nível internacional.

O ministro revelou que as capacidades de análises modernizadas, e a monitorização e previsão a nível meteorológico e marinho por parte do CMETOC podem vir a servir de base para decisões políticas e militares para os parceiros internacionais.

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