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Ministra da Justiça diz que “na altura própria” se saberá escolha de PGR

A ministra da Justiça assegurou hoje que o processo de escolha do próximo mandato de procurador-geral da República “está a decorrer” nas “instituições que lidam” com o assunto e na altura própria a decisão será divulgada.

“Saberão [da decisão] na altura própria”, declarou Francisca Van Dunem, à margem da cerimónia de apresentação das comemorações da Declaração dos Direitos Humanos e da adesão à Convenção Europeia dos Direitos Humanos, realizada no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Questionada se fazia uma avaliação positiva do mandato exercido por Joana Marques Vidal que termina em outubro, a ministra respondeu que é “óbvio”, mas que não é “isso que está em causa”.

Francisca Van Dunem afirmou que há um mandato que termina agora e as instituições que determinam a escolha têm agora de se pronunciar sobre quem vai ocupar o lugar, se a mesma pessoa (Joana Marques Vidal) ou outra.

“Não direi mais nada sobre isso”, concluiu a titular da pasta da Justiça.

Durante o evento, Francisca Van Dunem foi também confrontada com a decisão judicial que autorizou uma rapariga de etnia cigana, de 15 anos, que frequentava o 7.º ano, a abandonar a escola, para ajudar a mãe, que está doente.

A ministra sublinhou que não comenta decisões judiciais, mas explicou que em casos dessa natureza há direitos conflituantes e um deles tem de prevalecer.

Por um lado, observou, existe o interesse do Estado de que a jovem frequente a escola e desenvolva os seus conhecimentos, do outro lado existem questões relacionadas com os direitos culturais.

“A questão que se coloca é a de saber o que prevalece”, explicou Francisca Van Dunem, lembrando que quando exerceu funções de procuradora-geral distrital de Lisboa deu orientações no sentido de haver a “prevalência do direito ao crescimento e desenvolvimento da criança”, ou seja, da permanência da criança na escola,

A ministra reconheceu, contudo, que há fatores que dificultam a tomada deste tipo de decisões, já que se coloca o problema da existência ou não de mecanismos para que o Estado concretize a decisão de manter a criança na escola.

Francisca Van Dunem apontou ainda para a necessidade de serem encontradas respostas a “nível interno” para que as crianças nessas situações tenham uma “relação amigável com o espaço escolar”.

O Tribunal de Portalegre deu autorização a uma rapariga de 15 anos de etnia cigana, que frequentava o 7.º ano, para abandonar a escola. Segundo o jornal Público, a menina queria ficar em casa a ajudar a mãe, que está doente, não querendo mais frequentar as aulas. A decisão foi tomada a 5 de janeiro de 2017.

De acordo com o tribunal, a menor já não demonstrava “motivação para frequentar a escola, ajudando a mãe nas tarefas domésticas, na medida em que esta, por doença, não as pode realizar”, sendo que o facto de a rapariga ser “de etnia cigana” leva-a a “cumprir com as suas tradições” e “a considerar que não necessita de frequentar a escola”.

O mesmo jornal adiantava que a rapariga não aparecia várias vezes nas aulas, tendo sido avisada a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. O caso chegou a ser remetido para o Ministério Público.

O tribunal aceitou o abandono escolar desta rapariga. Na decisão da juíza Joana Gomes, fundamenta-se que a rapariga “já tem 15 anos e possui as competências escolares básicas, por necessárias, ao desenvolvimento da sua atividade profissional” e à “integração social no seu meio de pertença”.

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