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Ministério combate a obesidade com 2000 operações em 2017

No Dia Mundial da Obesidade, o Ministério da Saúde adiantou que vai combater as listas de espera nas cirurgias e aplicar 12 milhões de euros em operações a 2000 obesos, durante o próximo ano.

A espera por uma cirurgia de obesidade pode chegar a dois anos. Para resolver o problema, o Governo vai investir 12 milhões de euros num programa de financiamento.

Com esta medida, o Ministério da Saúde acredita que, ao longo do ano de 2017, poderão ser realizadas as cirurgias de obesidade de 2000 pacientes.

A lista de espera pela operação continha, no primeiro semestre deste ano, 1493 pacientes, de acordo com os dados hoje avançados pelo Diário de Notícias.

Segundo o mesmo jornal, os tempos de espera atingem os dois anos, isto quando o prazo recomendado é de 270 dias.

Em abril, o portal do Serviço Nacional de Saúde referia que oito hospitais apresentavam um tempo de espera muito superior a essa recomendação. No caso do Hospital de Évora, a espera chegava aos 703 dias.

Considerada pandemia mundial do século XXI pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma doença largamente prevenível. A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) alerta para a adoção de estilos de vida saudáveis e frisa a importância de programas de educação para a saúde.

A obesidade é definida pela OMS como uma acumulação anormal ou excessiva de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetar a saúde.

“Uma pessoa obesa tem um maior risco de sofrer um acidente vascular cerebral, primeira causa de mortalidade e incapacidade em Portugal, bem como está mais propenso a desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, doenças osteoarticulares e alguns tipos de cancro”, refere Sandra Alves, nutricionista e membro da SPAVC.

Em 2014, mais de 1.9 biliões (39 por cento) de adultos tinha excesso de peso, 600 milhões (13 por cento) dos quais eram obesos, segundo dados da OMS. Mais preocupante ainda quando se observa que 41 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos têm excesso de peso ou são obesas. Em Portugal, em 2014, segundo o Inquérito Nacional de Saúde, mais de metade da população portuguesa adulta (52,8 por cento) tinha excesso de peso e, de acordo com o Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), 31,6 por cento das crianças entre os 6 e os 8 anos tinham excesso de peso ou obesidade.

Apesar deste cenário alarmante, a médica nutricionista sublinhou a boa notícia que interessa disseminar: a obesidade é largamente prevenível através da adoção de estilos de vida saudáveis.

Neste sentido, a OMS recomendou aos governos a urgente implementação de programas que promovam:

  • a ingestão de alimentos saudáveis em detrimento daqueles com elevada densidade calórica e das bebidas açucaradas
  • a atividade física
  • ambientes escolares saudáveis

“Em Portugal, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS) adota um modelo de estratégia semelhante com vista a modificar comportamentos alimentares, promovendo hábitos alimentares saudáveis. Muitas das medidas sugeridas baseiam-se na necessidade de se modificarem as escolhas alimentares, através de educação para a saúde, tendo como alvos prioritários populações de mais baixo nível de literacia e mais baixos rendimentos. Por outro lado, menciona ainda medidas que condicionem a procura de alimentos menos saudáveis, das quais se destaca o agravamento do preço por forma a limitar a compra e a direcionar a indústria alimentar no sentido da reformulação dos seus produtos alimentares”, explica Sandra Alves.

Nesse sentido, acrescenta, “impera a necessidade de colocar esta problemática na agenda dos decisores políticos para que medidas de combate à obesidade se tornem numa realidade transversal ao país”.

Com essas políticas, previnem-se “muitas outras das doenças crónicas não transmissíveis para as quais a obesidade é fator de risco importante, com especial destaque para o acidente vascular cerebral, primeira causa de mortalidade e incapacidade não traumática no nosso país”.

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