Já passava das 19:00 quando milhares de pessoas que hoje, pelos valores feministas se concentraram em Lisboa, arrancaram uma marcha ruidosa ao som de bombos e tambores e promessas de mudar o mundo.
Foi ao cair da noite que milhares iniciaram o desfile entre o Terreiro do Paço e o Rossio, em defesa de que hoje e os dias que se seguirem sejam novos para os direitos das mulheres.
No Dia Internacional da Mulher, que hoje se assinala em todo o mundo, pediu-se o fim da violência contra as mulheres, sobretudo a violência doméstica, que continua a pontuar as estatísticas no país com femicídios.
Direitos iguais e efetiva justiça para as mulheres violentadas e discriminadas marcaram as mensagens nos cartazes e palavras de ordem, em que o juiz Neto de Moura foi figura de destaque e alvo constante de apupos e críticas por causa dos seus acórdãos polémicos em casos de violência doméstica.
Num cartaz exibido pela delegação do Bloco de Esquerda, liderado pela coordenadora, Catarina Martins, lia-se: “Não queremos flores, queremos justiça e o juiz Neto de Moura fora dela”.
Momentos antes do arranque, o Terreiro do Paço silenciou-se em homenagem às vítimas de violência.
A marcha começou depois ruidosa, com a organização, da Rede 8 de Março, a gritar aos microfones, em cima de uma carrinha de caixa de aberta, “deixa passar, deixa passar, sou femininista e o mundo eu vou mudar”.
A ativista brasileira Marielle Franco, assassinada em março do ano passado, foi também lembrada na manifestação com uma enorme faixa evocativa de uma placa toponímica com o seu nome.
O cortejo saiu do Terreiro do Paço, num trajeto que contornou a praça do Município, seguindo para a rua do Ouro e depois em direção ao Rossio onde termina.
O primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pela mulher, Fernanda Tadeu, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e a cabeça de lista do partido às eleições europeias, Marisa Matias, acompanhadas de um conjunto de deputados e dirigentes bloquistas, assim como o deputado do PAN, André Silva, e outros membros do Governo, como a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, marcaram presença na concentração.
A Greve Feminista, uma organização da Rede 8 de Março, um coletivo de organizações feministas, está hoje por todo o país, em Albufeira, Aveiro, Braga, Chaves, Coimbra, Lisboa, Porto, Viseu, Amarante, Vila Real, Évora, Fundão, Covilhã e São Miguel, nos Açores, entre manifestações e uma greve social.
Segundo a Rede 8 de Março, a greve feminista internacional divide-se entre greve ao trabalho laboral, greve ao trabalho doméstico, greve estudantil e greve ao consumo, e pretende alertar para o quotidiano das mulheres e perceber as várias discriminações de que são alvo, procurando uma solução global.
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