Metanfetaminas podem ajudar a tratar tumores cerebrais

A metanfetamina tem efeitos positivos no tratamento de tumores cerebrais, conclui estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Coimbra. A pesquisa sobre o impacto desta droga no cérebro permitiu perceber que a metanfetamina também induz défices de memória.

O estudo sobre o impacto da metanfetamina no cérebro, desenvolvida por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), permite mostrar que esta droga induz défices de memória.

No entanto, um dos efeitos desta droga poderá também permitir uma nova abordagem para facilitar o tratamento de algumas patologias do cérebro, nomeadamente de tumores cerebrais.

Estas descobertas resultam de um conjunto de estudos para avaliar os efeitos da metanfetamina (droga de abuso, cujo consumo tem vindo a aumentar na Europa) no cérebro.

Num primeiro trabalho foi provado o impacto da metanfetamina no hipocampo (região do cérebro com um papel fundamental na memória e na aprendizagem). Estudos efetuados, desde o nível molecular até ao nível in vivo (trabalho de comportamento animal) permitiram verificar que o uso da droga induz défices de memória.

A partir daí, os investigadores partiram, então, para o estudo do papel do neuropeptídeo Y no processo. E foi nesta etapa que surgiu a grande novidade científica: o papel protetor da metanfetamina em situações de dano cerebral.

No modelo experimental foi possível verificar que “está envolvido nos défices de memória”, ou seja, “perde a sua capacidade de proteção”, explica a investigadora Ana Paula Silva, da UC.

Perante esta revelação, a equipa de Ana Paula Silva trabalhou numa estratégia para prevenir este efeito da metanfetamina e descobriu que bloqueando um dos recetores do neuropeptídeo Y é possível prevenir os défices de memória.

Mais recentemente, o mesmo grupo descobriu que a metanfetamina pode levar a um aumento transitório da permeabilidade da barreira que protege o cérebro, impedindo a entrada de agentes patogénicos, mas também de muitos fármacos fundamentais para o tratamento de diversas patologias do cérebro.