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Metade dos pais diz não ter tempo para brincar com os filhos

Mais de metade das crianças (51 por cento) gostariam de passar mais tempo com os pais e sentem que estes estão sempre com pressa. Os pais, por sua vez, dizem não ter tempo para brincar com os seus filhos e confessam, ainda, que gostariam de reencontrar a sua criança interior.

Os dados são do estudo Play Report e estiveram em debate na cerimónia de lançamento do movimento ‘Direito a Brincar’, que decorreu no auditório Prof. Doutor Mariano Gago, do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

O Artigo 31.º da Declaração Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de setembro de 1990, consagra que “Os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística”.

Infelizmente, existem muitas crianças, em todo o mundo, que não têm essa oportunidade por motivos sociais, económicos, culturais e, até mesmo, profissionais.

O movimento ‘Direito a Brincar’ surge para contrariar esta realidade. E conta com o apoio institucional do Ministério da Educação, que se fez representar pelo secretário de Estado da Educação, João Costa.

“Brincar é um direito fundamental das crianças e é um dever de todos nós garantir que esse princípio é respeitado. As escolas têm de ser, também, espaços de brincadeira, até porque se aprende muito a brincar. As brincadeiras permitem desenvolver as competências mais disruptivas, como a criatividade e a inovação. Assim, precisamos de um ensino que valorize uma cultura humanista e que dê espaço para as nossas crianças brincarem”, defende João Costa, secretário de Estado da Educação.

A cerimónia de apresentação do movimento contou, ainda, com uma mesa redonda de debate, moderada por Isabel Stilwell (fundadora da revista Pais & Filhos), com a participação de Cláudia Domingues, diretora de Sustentabilidade da IKEA Portugal, Mário Cordeiro, médico pediatra, Sandra Nascimento, diretora da APSI-Associação para a Promoção da Segurança Infantil, e Chris Williams, da IKEA Foundation.

Brincar é fundamental para a estabilidade atual e futura das crianças. Os mais pequenos, através da brincadeira, aprendem como as coisas funcionam, do que são capazes e ganham autoestima. Além disso, brincar com os outros ensina-lhes que a empatia e a diversão são terapêuticas.

“Brincar tem as quatro componentes essenciais da vida: fazer de conta, vertigem, sorte ou azar e oposição. É, por isso, essencial para conseguirmos ter adultos equilibrados e capacitados para enfrentar os desafios do mundo atual. Essa prioridade deve ser garantida nas escolas, pelos professores e o sistema de ensino, e em casa, pelos pais e a vida familiar. Uma criança aprenderá mais e melhor se o sistema de ensino se basear em modelos éticos, estéticos e lúdicos”, explica o pediatra Mário Cordeiro.

“Há muitos pais e educadores que utilizam a segurança como argumento para limitar a brincadeira. A segurança nunca deve ser uma escusa para isso. Temos de assumir que os nossos filhos correm riscos. O que é importante é que sejam riscos que as crianças sejam capazes de gerir. Correr riscos faz parte do seu crescimento, tal como brincar, que é um processo importantíssimo na sua formação e desenvolvimento”, afirma Sandra Nascimento, presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).

A partir de 20 de novembro e até 24 de dezembro, a IKEA Foundation doa um euro por cada livro infantil ou brinquedo vendido em qualquer loja, para apoiar a brincadeira e o desenvolvimento das crianças.

“Sabemos que as nossas crianças pedem mais tempo aos pais e que estes, por sua vez, se sentem culpados por não passarem tempo suficiente com os seus filhos, nomeadamente, a brincar. No entanto, por vezes, não é preciso parar tudo o que estamos a fazer para dar atenção aos mais pequenos. Basta envolvê-los nas atividades do quotidiano, como cozinhar ou pôr a mesa, para se conseguir passar um tempo de qualidade em família e, simultaneamente, contribuir para o desenvolvimento de competências importantes nas crianças. As nossas casas são, por excelência, o lugar onde o divertimento, a brincadeira e o tempo em família devem imperar”, considera Cláudia Domingues, diretora de Sustentabilidade da IKEA Portugal.

A IKEA Foundation trabalha com seis instituições – Room to Read, Handicap International, Special Olympics, UNICEF, Save the Children e War Child – em dez países diferentes, para garantir que as crianças têm um ambiente seguro e confortável para crescerem, nomeadamente, brincar e aprender.

“Acreditamos, verdadeiramente, que este é um direito fundamental e uma necessidade comum a todas as crianças, sejam de Portugal ou da Síria. Esta fundação está empenhada em dar essas condições a todas as crianças que, atualmente, vivem em situações dramáticas do ponto de vista humanitário”, conclui Chris Williams, da IKEA Foundation.

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