A pequena Charley tem 10 anos e foi submetida a um tratamento que travou o processo de crescimento. Com deficiências profundas, a criança neozelandeza nunca terá um corpo de adulto. Jenn e Mark Hooper, mãe e pai da menina, viajaram para a Coreia do Sul e avançaram com “um ato de amor”.
“Não sentimos culpa, nem sequer estamos arrependidos. Impedir o crescimento da nossa filha foi um ato de amor”.
Nascida em 2005, Charley enfrentou problemas graves, logo à nascença. A neozelandeza não conseguia respirar e os médicos tiveram de a reanimar.
Conseguiram, mas não evitaram danos cerebrais irreversíveis. A criança, hoje com 10 anos, é cega, aofre de epilepsia e nunca vai conseguir andar ou falar.
Jenn e Mark Hooper, mãe e pai da menina, decidiram agora fazer um tratamento hormonal que pode ser aplicado a crianças e que as impede de crescer.
Charley será uma eterna criança. O tratamento foi, segundo os pais, “um ato de profundo amor”, mas não deixou de gerar polémica.
A neozelandeza de 10 anos de idade tem uma função cerebral equivalente a de um bebé.
Aos 10 anos, pesa 25 quilos, peso que manterá até ao final da sua vida. Há quatro anos que o processo de crescimento foi parado.
O tratamento hormonal consiste num travão do crescimento, que mantém o corpo pequeno, para sempre.
Gera polémica e a comunidade médica divide-se, sobre a sua aplicação. Aliás, algumas entidades proíbem que seja feito.
Os pais de Charley decidiram avançar, depois de receberam consentimento das autoridades de saúde da Nova Zelândia.
Quando a criança tinha 4 anos, a família Hopper viajou para a Coreia do Sul, onde Jenn encontrou um médico que aceitou dar os hormónios à menina. Todas as semanas, é necessário aplicar emplastros com hormónio, na pele.
Jenn e Mark Hooper garantem que não estão arrependidos. E justificam as suas razões. “Foi um ato de profundo amor”, dizem.
“Este tratamento melhorou a qualidade de vida da Charley, que nunca tinha sorrido… O seu primeiro sorriso foi aos 5 anos. Sentimo-nos felizes, mas sentimos, sobretudo, a felicidade da nossa filha”, diz Jenn.
A mãe revela também que houve uma melhoria no estado de saúde da menina, com a diminuição de crises de epilepsia, por exemplo.
As pernas e braços estão mais flexíveis, o que pode ser justificado com o facto de o estrogénio alterar a atividade neurológica.
“Apenas conseguimos que a nossa filha dependente se mantivesse pequena. Não mudámos nada no corpo dela, nas suas capacidades”, salienta ainda Jenn.
O pediatra e endocrinologista Gary Butler, da University College London, do Reino Unido, explica o processo.
“Esta é a única forma capaz de travar o crescimento. Quando o corpo começa a produzir os hormónios sexuais, há uma aceleração do crescimento. Uma vez que os níveis se estabilizam, é travado, através da manipulação hormonal”, destaca
Os pais de Charley rejeitam a teoria de que avançaram com esta medida para facilitar a sua vida.
“Sabemos que não vamos ganhar amigos… Mas não é para isso que estamos cá”, diz a mãe.