De acordo com os peritos do NHS que analisaram o caso, o procedimento do psiquiatra foi “empático” e “adequado” ao caso.
E qual era o caso? O de uma paciente que foi ao centro de saúde (na foto) de Harwich (no Essex), em janeiro de 2014, porque não se sentia bem devido a incidentes do passado.
De acordo com a paciente, foi vítima, quando era criança, de “um ritual de violação satânico”, perpetrado por um grupo de pedófilos.
Perante tal quadro clínico, Julius Awakame, de 50 anos, aconselhou a paciente a assistir a um canal evangélico, gerido por uma congregação nigeriana, e estudar a possibilidade de fazer “um exorcismo”.
Mais tarde, a mulher apresentou queixa contra o psiquiatra, alegando que a menção à igreja “destruiu” a crença da paciente nos médicos e na terapia.
Em janeiro do ano passado, Julius Awakame foi chamado a explicar-se perante uma equipa de peritos da fundação que geria a unidade de saúde onde a consulta ocorreu, tendo admitido que “era possível” que a paciente estivesse “possuída por espíritos”.
Em fevereiro, a fundação rescindiu o contrato com o médico.
Agora, uma comissão de ética do NHS ilibou Julius Awakame, que entretanto regressou ao Gana, por considerar que o procedimento foi “empático” e “adequado”.
“Ao informar [a paciente] que ele era cristão, o doutor Awakame mostrou-se prestável e encorajador, dando à paciente um sinal indicador de que poderia falar livremente. Esta comissão não acredita que ele tenha referido ou pressionado as suas crenças para persuadir a paciente a procurar uma solução espiritual ao invés de médica”, adiantou David Kyle, presidente da comissão que analisou o incidente.
O médico “respondeu empática e apropriadamente ao que entender ser uma crença desmesurada da paciente num abuso cometido durante um ritual satânico que provocou efeitos negativos na sua saúde”, acrescentou David Kyle: “A paciente rejeitou a igreja devido à experiência anterior que considerou ser a causa do abuso que sofreu, o que inevitavelmente conduziu à má reação contra a sugestão de um consolo espiritual”.
Segundo a comissão de ética, “o doutor Awakame, ao agir como agiu, mostrou que compreendeu e aceitou as crenças da paciente e não as dele”.
O psiquiatra foi ilibado e a rescisão do contrato anulada por ilegal.
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