Nas Notícias

Porque mediatizamos os ataques terroristas?

Em cada ataque terrorista, criam-se milhares de notícias por minutos, as televisões cobrem o evento em direto, debitam informação em catadupa. Os especialistas em terrorismo defendem que uma das razões destes atentados é uma tentativa dos seus autores em conseguir chamar à atenção para a sua causa. Será possível não atender às pretensões desses criminosos?

Porque mediatizamos os ataques, se esse mediatismo é precisamente o que os autores dos atentados pretendem? Como poderão os órgãos de comunicação social cumprir o seu dever de informar, sem servir os interesses dos terroristas?

É um padrão comum: entre a primeira notícia sobre um ataque e os 30 minutos subsequentes, o número de vítimas ‘cresce’ da unidade à dezena, ou da dezena à centena. Os detalhes surgem, as segundas notícias desmentem as primeiras.

As televisões criam diretos, com entrevistas de improviso por parte de especialistas que, tendo conhecimento, são apanhados de surpresa e não estão na posse de todos os dados. Fala-se do que se conhece em abstrato, nada se pode dizer (porque não se sabe) do incidente em questão.

Por esta altura, os jornais utilizam o formato de “última hora”, com um fluxo de informação que obriga que cada notícia esteja “em atualização”.

Repetem-se lugares-comuns, fala-se em pânico (óbvio), em situação “terrível” (óbvio), em “medo” (óbvio).

Por esta altura, as primeiras notícias são desmentidas e entra a fase do “afinal”. Afinal, há novas informações que negam as primeiras.

Corre a informação por todo o mundo e questiona-se a segurança do local onde ocorreu o atentado.

Este é o padrão informativo das coberturas jornalísticas deste tipo de ataque. É o padrão que os terroristas pretendem. Mas, como cumprir o dever de informar? E qual a relevância desse dever, perante fenómenos imparáveis.

Na cobertura de eventos, por exemplo, a realização oculta sempre os atos violentos, precisamente porque a sua mediatização é potencialmente perigosa.

Terá o jornalismo de aprender com estas regras e preparar-se para fazer uma cobertura preventiva? Até que ponto a concorrência entre órgãos de comunicação social é dissuasora de um acordo de princípio para não satisfazer os desejos de criminosos?

São perguntas que ficam sem resposta, mas que devem suscitar uma reflexão.

Redação

Partilhar
Publicado por
Redação

Artigos relacionados

Euro Dreams resultados de hoje: Chave do EuroDreams de quinta-feira

Euro Dreams Resultados Portugal: A mais recente chave do EuroDreams é revelada hoje. Conheça os…

há % dias

2 de maio, morre Leonardo da Vinci, o maior génio da História

Leonardo da Vinci recorda-se a 2 de maio, dia da morte do maior génio da…

há % dias

Ciberataques ao setor financeiro aumentaram 53% devido ao aumento dos serviços bancários online

O relatório Threat Landscape Report, da S21sec, garante que os atacantes adaptaram as suas técnicas…

há % dias

Números do Euromilhões de hoje: Chave de terça-feira, 30 de abril de 2024

Conheça os resultados do sorteio do Euromilhões. Veja os números do Euromilhões de 30 de…

há % dias

Pilates na Ortopedia

Joana Bento Rodrigues - Ortopedista /Membro da Direção da SPOT A modalidade de Pilates foi…

há % dias

As 4 principais falhas éticas dos líderes que mais prejudicam os trabalhadores

A propósito do Dia do Trabalhador conheça os maiores erros de ética empresarial Quando os…

há % dias