Mataram uma águia de Bonelli a tiro, em Tavira

Foi encontrada uma águia de Bonelli abatida a tiro, em Tavira. Apesar desta ave ser uma espécie protegida, o exemplar que deu entrada no RIAS tinha 12 chumbos de caçadeira cravados no corpo. Tinha sido mãe recentemente e as crias vão morrer à fome.

A denúncia é feita na página do Facebook do Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS): abateram a tiro, em Tavira, uma águia de Bonelli (Aquila fasciata).

De acordo com o RIAS, a ave, cuja espécie está em risco de extinção e que por esse motivo se encontra protegida, deu entrada no passado dia 31 de março, depois de um particular ter alertado o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR.

O exemplar abatido era uma fêmea, adulta, que apresentava vestígios de ter estado em incubação.

De acordo com os técnicos do RIAS, às crias que estiverem no ninho resta esperar pela morte, uma vez que o macho não deve conseguir alimentá-las e protegê-las dos predadores.

A águia deu entrada ainda com vida, mas não resistiu, acabando por morrer na primeira noite de internamento.

A ave apresentava uma fractura grave na asa esquerda e a análise por raio-x demonstrou a presença de menos 12 chumbos de caçadeira, dispersos pelo corpo.

Como ainda não abriu a época de caça, “a águia só pode ter sido abatida intencionalmente, uma ocorrência completamente incompreensível e lamentável”, como refere o texto do RIAS.

“A águia de Bonelli é uma espécie estritamente protegida pela legislação nacional e internacional e possui um estatuto de conservação preocupante (EN – Em Perigo) em Portugal. A população de águia de Bonelli do sul de Portugal é geneticamente distinta das restantes na Europa, pelo que a responsabilidade dos cidadãos portugueses na sua conservação é ainda maior”, alertaram ainda os especialistas.

Segundo os dados da instituição, o RIAS já recebeu 71 casos de animais feridos com chumbos de caça desde o final de 2009.

“Apelamos a toda a população para uma maior sensibilidade e respeito pela lei de forma a evitar este tipo de acontecimentos tão dramáticos para o ecossistema e para a conservação do património natural do nosso país”, conclui a mensagem.