Durante a apresentação do livro ‘Um Político Assume-se’, da sua autoria, Mário Soares comentou as palavras que Passos Coelho proferira, horas antes, na Assembleia da República. “Custe o que custar, vamos pagar as dívidas que assumimos”, afirmou o primeiro-ministro.
Para Mário Soares, “custe o que custar são expressões fortíssimas”, que podem indiciar austeridade ilimitada, sobre os ombros das pessoas, “que têm de estar protegidas”. O antigo Presidente da República considera ainda que “a austeridade não é, por si só, uma solução”, se “o bem estar dos cidadãos” não for prioridade.
Soares compreende que os acordos têm de ser respeitados, mas encontra nas palavras de Passos Coelho um ideal: o fim justifica todos os meios. E o socialista não concorda com este princípio, até porque vê nas políticas de austeridade constrangimentos na criação de emprego e no crescimento da economia.
“A austeridade não nos leva a lado nenhum. Portugal precisa de crescimento económico, para que se possa gerar emprego. Se Passos Coelho acha que é só a troika que importa, vai sair-se mal. Toda a Europa já percebeu que esse não é o caminho”, afirmou ainda Mário Soares.
O antigo chefe de Estado, apesar de não partilhar os ideais políticos de Passos Coelho, começou por tecer elogios ao primeiro-ministro, no início do mandato. Há meses, Soares elogiara a seriedade de Passos e revelara a simpatia pessoal que nutria pelo líder do executivo. Sem pôr em causa essa seriedade, Mário Soares passou a usar as palavras para criticar Passos Coelho.
Ontem, foi mais longe do que nunca, nas críticas às opções do Governo. Mário Soares participava, no município de Ourique, na apresentação do livro ‘Um Político Assume-se’.
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