Em Loulé, o antigo Presidente da República, Mário Soares, manifestou-se contra medidas de austeridade adicionais, cenário que Portugal não aguenta. Soares voltou a tecer duras críticas ao Governo da coligação PSD-CDS e defendeu António José Seguro.
Mário Soares, que participou, nesta terça-feira, numa conferência em Loulé, lamentou que Portugal esteja perante um cenário onde o acordo de base entre PSD e PS tenha caído por terra, sendo que as divergências se acentuam e há vozes no interior do PS que defendem uma rutura com o memorando.
Mário Soares não foi tão longe, mas o ex-Presidente da República coloca-se ao lado de António José Seguro, quando o secretário-geral socialista sustenta que Portugal não aguenta mais medidas de austeridade.
“Nunca vi Seguro dizer algo com tanta clareza, como o fez agora. Disse ‘não aceito mais austeridade’ e acho que fez muito bem”, salientou Mário Soares.
Em declarações à imprensa, Soares entende que a via da austeridade sobre austeridade conduzirá Portugal ao declínio. “Mais cortes representam mais pessoas a sofrer, dificuldades acrescidas e a estagnação da economia. E o efeito será mais desemprego”, salientou o antigo líder socialista.
Passos Coelho também foi alvo de críticas, por ter traçado, na Universidade de Verão do PSD, um cenário que Mário Soares não vislumbra. “O primeiro-ministro faz um discurso aos jovens do seu partido em que diz que está muito contente, que as coisas estão a correr bem e que no próximo ano ainda vão correr melhor”, lamenta o histórico socialista.
A visão de Mário Soares sobre o futuro do país é contrária e pessimista: “Estou convencido de que os próximos tempos serão muito pior, se não mudarmos de política e se não pusermos os mercados na ordem”.
Os próximos tempos trarão, segundo Soares, “mais recessão e desemprego”, se o Governo não mudar de rumo. “Não há espaço para mais impostos, mas o primeiro-ministro repete que vai cumprir o acordo com a troika”, salienta.