Não adianta ter “maioria no Parlamento” para aprovar uma lei: é preciso que o povo concorde. A afirmação é do Presidente do Uruguai, José Mujica, e justifica o volte-face na decisão de legislar a legalização da produção e consumo de marijuana: “a decisão não está madura, por isso travei-a. Não se vota uma lei porque tenho maioria no Parlamento. A maioria tem de acontecer nas ruas”.
O objetivo do chefe de Estado era diminuir o tráfico de droga, mas uma sondagem recente apontava que 64 por cento da população discordava da legalização. “As pessoas têm de entender que, aos tiros e a meter gente na prisão, a única coisa que estamos a fazer é a oferecer um mercado de narcotráfico”, argumentou José Mujica.
O objetivo do Presidente era, paralelamente à legalização, criar um Instituto Nacional de Canábis que fiscalizasse e regulasse “as atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis e derivados”, mas de imediato vários especialistas alertaram para as dificuldades na concretização dessa missão.
O projeto inicialmente defendido por José Mujica ao permitir ao Governo controlar a plantação e venda de marijuana com o registo dos consumidores numa base de dados, num país onde cerca de 20 por cento da população já terá experimentado esta droga, segundo dados citados pela Reuters. O tráfico de marijuana envolverá cerca de 75 milhões de dólares, nas contas da BBC.
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