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Marcelo é “muralha simbólica” contra crescimento do populismo

Marcelo Rebelo de Sousa é uma “muralha simbólica” contra o aumento do populismo em Portugal, afirma o filósofo francês Bernard-Henri Lévy, que frisa o “papel considerável” da direita liberal para travar o populismo na Europa.

“O Presidente de Portugal, Rebelo de Sousa, é uma pessoa decisiva, essencial, e os portugueses sentem-no […], porque sabem que ele é provavelmente a muralha simbólica contra o que ainda não vos atingiu, ou atingiu apenas de forma embrionária, contra o crescimento do populismo”, afirma em entrevista à Lusa hoje em Lisboa.

“A direita liberal, a direita católica, digo-o, é o tema da minha peça, tem um papel absolutamente considerável a desempenhar nos próximos anos em toda a Europa”, acrescenta o filósofo, em Portugal para apresentar a peça “Looking for Europe” (“À Procura da Europa”) que apresenta no Teatro Tivoli, em Lisboa, a 06 de maio.

A peça, escrita e interpretada pelo escritor e filósofo, é “uma ode à Europa”, contra o nacionalismo e o populismo, apresentada numa digressão europeia que começou a 05 de março em Milão e termina a 20 de maio em Paris, passando no total por 30 cidades europeias.

Em abril, Bernard-Henri Lévy, conhecido em França pelas iniciais BHL, apresentou o espetáculo em Budapeste e encontrou-se com o primeiro-ministro húngaro, o nacionalista e populista Viktor Orbán.

E é a partir desse encontro, do que falou com Orbán, que explica o papel da direita liberal face ao populismo que alastra na Europa.

“A impressão que tive foi que ele tem medo. Orbán tem medo. De duas coisas: da direita liberal europeia, que pode excluí-lo, e do Vaticano, que se prepara para o repudiar”, afirma.

A direita liberal europeia, representada pelo Partido Popular Europeu (PPE), que em março suspendeu o partido de Orbán, Fidesz, por desrespeito dos valores europeus, e que “pode excluí-lo”, e o Vaticano, “que é fortemente contra as suas políticas migratórias” e “se prepara para o repudiar”.

“Isso quer dizer que as forças de que falo – a direita e os católicos – têm um papel enorme a desempenhar. Porque, no final, são a verdadeira barreira ao fascismo, não é a esquerda”, frisa o filósofo.

“Quando vemos a história da Europa, vemos que é quando a direita baixa os braços que o fascismo passa. Quando a direita se mantém firme, o fascismo não passa”, acrescenta.

BHL conhecia Orbán de há longos anos, quando o húngaro combatia o regime comunista na Hungria, e ao revê-lo agora ficou com a impressão de que “ele está preso numa espécie de loucura”.

Compara-o com Miklós Horthy, regente da Hungria entre 1918 e 1944, “uma figura absurda”, “porque era almirante de um país que não tem mar e regente de um país que não tem rei”.

“Orbán também é uma figura absurda, que se diz nacionalista e se vende a Putin [o Presidente russo], que diz que Bruxelas é uma prisão e que aceita os milhões de Bruxelas, que lançou a sua carreira com George Soros [filantropo de origem húngara] e que desencadeia uma campanha antissemita contra o mesmo George Soros. É uma personagem absurda”, diz.

Na conversa, de mais de duas horas, que manteve com o primeiro-ministro húngaro em Budapeste, Bernard-Henri Lévy diz ter-lhe dito que “corre um risco terrível” ao fazer “um pacto muito imprudente” com Putin e com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, uma escolha que qualifica de “suicidária e absurda para alguém que afirma ser um nacionalista”.

“Na minha opinião, há quatro perigos para a Europa hoje em dia: o islamismo radical, a China, Erdogan e Putin. São os quatro perigos que nos ameaçam, que fazem com que amanhã a nossa civilização possa ter sido varrida. E Orbán está aliado a dois dos quatro”, alerta.

“Disse-lhe até que ponto essa escolha me parece suicidária e absurda para alguém que afirma ser um nacionalista húngaro. Está a ponto de matar a nação húngara ao aliar-se a Putin e ao aliar-se a Erdogan”, conclui.

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