Os manifestantes no Sudão rejeitaram hoje a declaração do Conselho Militar de Transição, que prometeu não extraditar o agora ex-Presidente do país, Omar al-Bashir, afastado do poder na quinta-feira.
Num comunicado divulgado hoje, a Associação de Profissionais Sudaneses, organização que tem liderado os quatro meses de protestos contra al-Bashir, considera que as garantias do Exército representam uma “mentira”, e pedem que a liderança do país passe para um Governo de transição civil.
As declarações surgiram pouco depois de uma conferência de imprensa dos líderes militares. A organização diz que as afirmações dos militares são “uma farsa” e prometem “resistir” de forma pacífica às medidas extraordinárias impostas pelas chefias militares, que conduziram o afastamento de al-Bashir.
Durante a manhã de quinta-feira, o ministro da Defesa, Awad Ahmed Benawf surgiu em uniforme militar na televisão pública sudanesa e anunciou a destituição de al-Bashir e a realização de “eleições livres e justas” após um período de transição de dois anos, durante o qual o país será governado por um conselho de transição militar.
Os militares decretaram estado de emergência para os próximos três meses, suspenderam a Constituição e fecharam as fronteiras e o espaço aéreo do país.
Hoje, um oficial do Exército sudanês afirmou que as autoridades militares não vão extraditar o Presidente deposto Omar al-Bashir, mas irão julgá-lo no país, de acordo com a agência de notícias AP.
O coronel Omar Zein Abedeen fez as declarações numa conferência de imprensa hoje na capital, Cartum, defendendo a retirada militar de Al-Bashir do poder.
O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi destituído e detido na quinta-feira pelas Forças Armadas, depois de mais de quatro meses de contestação popular.
Os protestos, inicialmente motivados pelo aumento dos preços do pão e de outros bens essenciais, acabaram por transformar-se num movimento contra Al-Bashir, que liderava o país desde 1989, quando chegou ao poder através de um golpe de Estado.
Omar al-Bashir é alvo de dois mandados de detenção do TPI por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante o conflito em Darfur (oeste do Sudão), que, de acordo com as Nações Unidas, causou mais de 300.000 mortos desde 2003 e obrigou cerca de 2,5 milhões a abandonarem as suas casas.
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