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Mais de mil presos políticos em Marrocos no ano passado

A Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH) alertou hoje para a detenção de mais de 1.020 ativistas e manifestantes políticos no ano passado, a grande maioria na região nortenha de Rif.

O presidente da AMDH, Mohamed Al Haich, assegurou que só em Rif os serviços de segurança marroquinos detiveram já mais de 2.200 ativistas e manifestantes, do quais 800 foram condenados em diferentes tribunais do país, e os restantes foram interrogados e obrigados a assinar documentos sem lhe ser permitido ler.

Al Haich explicou que a “detenção política e abusiva” afetou em 2017 defensores de direitos humanos, jornalistas e ativistas em protestos sociais.

Os protestos de rua no Rif devido à marginalização e ao atraso histórico em Marrocos ocorreram entre o final de 2016 e o início de 2017 e terminaram quando a liderança de Hirak, que os convocou, foi interrompida entre maio e junho daquele ano.

Em agosto, o rei Mohamed VI concedeu indultos a 188 ativistas de Rif, mas não aos respetivos líderes, e cerca de 200 ativistas daquela região permanecem nas prisões marroquinas.

As prisões e os julgamentos contra os ativistas daquela região não pararam e, desde a última terça-feira, o Tribunal de Alhucemas, capital do Rif, condenou 17 pessoas a penas de seis meses a seis anos de prisão pela participação em protestos.

Mohamed Al Haich especificou que essas “detenções políticas” se centraram particularmente nas populações de Yerada e Buarfa, no leste de Marrocos, Zagura e Tinguir, no sul, e Beni Melal e Utat Alhach, no centro, entre outras zonas.

A AMDH denunciou o aumento das penas de morte em 2017, com 17 condenações contra seis no ano passado.

Atualmente, segundo a organização não-governamental, 95 pessoas estão nos chamados “corredores da morte” nas prisões do país.

A pena de morte não se executa desde 1994, mas os ativistas reclamam a sua abolição efetiva.

O coordenador da coligação marroquina de instâncias de direitos humanos, Abdelilah Benabdesalam, assinalou que este estado de coisas “demonstra que o Estado não tem paciência para escutar opiniões divergentes, o que é uma grande regressão na abertura registada há 20 anos”, altura em que Mohamed VI ascendeu ao trono.

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