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Maioria da população não recorre a serviços de saúde quando tem sintomas gripais

Sete em cada dez pessoas com sintomas de gripe participantes num estudo disseram não ter recorrido a nenhum serviço de saúde, enquanto 11,4 por cento referiram ter ido ao centro de saúde e 6,2 por cento a uma urgência hospitalar.

O estudo preliminar realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) visou “caracterizar o comportamento de procura de cuidados de saúde numa amostra da população portuguesa face a sintomatologia de gripe” com base na informação recolhida pelo sistema de vigilância participativa Gripenet, nas épocas de gripe de 2011/2012 a 2016/2017.

Nas seis épocas de gripe estudadas foram identificados na base de registos de Gripenet, 4.196 casos de sintomatologia gripal, com idade entre um e 86 anos, dos quais 39,8 por cento eram do sexo masculino, refere o estudo publicado no ‘site’ do INSA.

Os resultados do estudo revelam que a maioria da população não recorre a nenhum serviço de saúde quando tem sintomas de gripe.

Sobre os serviços de saúde mais utilizados numa situação de sintomatologia da gripe, 11,4 por cento apontaram os cuidados de saúde primários.

A ida à urgência hospitalar foi referida em 6,2 por cento das notificações, mas variou ao longo das épocas, sendo mais elevado na época 2012/2013, em que existiu cocirculação de vírus do tipo A(H1) e B (linhagem Yamagata).

O recurso ao serviço SNS 24 foi referido por 3,7 por cento dos casos notificados, um resultado que os autores do trabalho consideram surpreendente, “na medida em que seria expectável que quem participa num sistema de vigilância participativa ‘online’ pudesse ter uma utilização mais frequente de uma ferramenta de aconselhamento e encaminhamento à distância”.

Nas seis épocas em análise não se verificaram diferenças estatisticamente significativas no recurso às consultas de medicina geral e familiar estável.

Contudo, verificou-se uma utilização mais frequente de urgências/serviços hospitalares em 2012/2013(9,4 por cento comparativamente às restantes épocas (4,7 por cento em 2013/2014 a 6,3 por cento em 2016/2017).

A utilização do serviço SNS 24 variou significativamente entre 1,4 por cento em 2013/2014 e 4,6 por cento 2015/2016, refere o estudo do Departamento de Epidemiologia do INSA.

O Instituto Ricardo Jorge refere que, “tendo em conta as recomendações, poderá ser importante aumentar a literacia da população para melhor gerir episódios de gripe, incentivando a utilização de serviços como SNS 24, reduzindo, assim, a procura dos cuidados de saúde presenciais”.

“Esta informação é importante para o planeamento de serviços de saúde durante a epidemia de gripe, pois permite um dimensionamento da capacidade de resposta adequado ao volume da procura, determinado em monitorização permanente e tempo útil”, sublinha.

Anualmente, estima-se que o vírus influenza seja responsável por três milhões a cinco milhões de casos de doença grave e por 250 mil a 500 mil mortes em todo o mundo.

Atualmente, o Gripenet é o único sistema de monitorização de base populacional e não dependente da procura de cuidados existente em Portugal para a vigilância da gripe.

Este sistema de vigilância participativa, em que qualquer cidadão residente em Portugal pode voluntariamente participar, conta com mais de 2.000 participantes ativos que respondem a questionários ‘online’ entre novembro e maio, permitindo a monitorização da epidemia sazonal.

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