As polémicas em torno da primeira viagem de circum-navegação assentam numa “visão muito paroquial” de “um feito notabilíssimo” que valorizou o conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva.
“Para vários, não sei se muitos, se poucos, mas para vários, Magalhães ainda é um motivo para uma discussão, na minha opinião sem nenhum sentido, sobre os méritos relativos de Espanha e Portugal no século XVI”, disse Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito das comemorações dos 500 anos da primeira viagem de circum-navegação da Terra.
Em março deste ano, depois de Portugal anunciar a candidatura a património mundial da Rota de Magalhães, o jornal espanhol ABC pediu e publicou um parecer da Real Academia de História espanhola atestando a “hispanidade” da viagem de circum-navegação, parecer que desencadeou uma forte polémica, nomeadamente entre historiadores.
A viagem foi organizada pelo navegador português Fernão de Magalhães, com o financiamento do rei de Espanha, e comandada por ele até à sua morte, nas Filipinas, em 1521, a partir de onde ficou sob comando do navegador espanhol Juan Sebastián Elcano.
“Na verdade [a polémica] é uma visão muito paroquial e o que importa é perceber que Magalhães começou e Elcano concluiu não só a primeira viagem de circum-navegação como a viagem que permitiu descobrir a passagem entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico, fazer a primeira travessia contínua do Oceano Pacífico, em grande parte absolutamente desconhecido na altura e seguir uma nova rota do Índico e do Atlântico Sul no regresso a Sevilha”, disse o ministro.
“E isso é um feito notabilíssimo. Ao fazê-lo, não só valorizaram os oceanos como conectaram, como agora se diria, muitos países. Ora, os oceanos e conectividade são questões chave do século XXI”, frisou.
Para Santos Silva, essa foi “mais uma razão” para os governos de Portugal e de Espanha terem definido como “ideia força” das comemorações “usar a viagem de circum-navegação com uma fonte de inspiração para a ação global internacional de hoje, porque é esse o seu principal valor”.
“Ninguém teria conseguido aquilo, do ponto de vista técnico e da navegação, se não houvesse a cartografia portuguesa, a cartografia italiana, a cosmografia árabe, os contributos judaicos e espanhóis, e se os portugueses e os espanhóis não tivessem sabido, nos alvores da modernidade, fazer daquelas fontes dispersas um saber – experimental, técnico e científico – próprio”, realçou.
Além disso, “a viagem não teria sido possível se não tivesse havido capitais espanhóis, saber fazer português e pilotos de diferentes países europeus”, “se não tivesse podido escalar o que hoje são o Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, depois as Filipinas, Indonésia, Timor, Moçambique, África do Sul, Cabo Verde” e o mundo não teria “conhecido tão bem a viagem” sem o relato do geógrafo e navegador italiano Antonio Pigafetta.
“E portanto, a melhor maneira de olhar para Magalhães e Elcano é dizer aí estão uns sujeitos que fizeram uma coisa que é muito inspiradora para o que nós temos que fazer hoje. Não já com caravelas, mas com as técnicas e os meios de hoje”, repetiu.
Santos Silva deu como exemplo dessa “fonte de inspiração” o facto de “uma das sondas mais importantes da NASA se chamar Sonda Magalhães”.
“Porque o espaço está para nós hoje, no século XXI, como o oceano estava para os europeus no fim da Idade Média e no princípio da Idade Moderna. É o novo a descobrir”.
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