Helena Sacadura Cabral, mãe de Paulo Portas e de Miguel Portas, escreveu um texto no Facebook onde manifesta alívio pela saída de Paulo do mundo da política. “Pude passar um dia tranquilo, sem ler ou ouvir as barbaridades de ódio”, escreve, num texto onde lembra Miguel Portas.
Entre as poucas certeza da vida de Helena Sacadura Cabral, uma é absoluta: “A pouca simpatia (…) pela vida partidária e a mágoa de nela ter tido os meus dois únicos filhos”.
Os dois filhos são Miguel e Paulo Portas, ambos políticos. O que sempre desagradou à mãe.
“Sabia – as mães sabem sempre – que essa via os impediria de terem uma vida familiar feliz. Um decidiu, sem sucesso, experimentá-la. O outro não”.
Helena recorda Miguel Portas, eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda.
“Quando olho os meus netos penso como teria sido bom que eles tivessem podido ter conhecido melhor o pai deles e como isso, na altura, lhes fez tanta falta e tanto os teria enriquecido. Foi tarde demais que o Miguel o percebeu, apesar de, nos dois últimos anos do seu caminho, ter tentado superar-se nesse campo”, escreve.
Os dois filhos de Helena Sacadura Cabral enveredaram pela política, o que foi um fardo pesado para esta mãe.
“Disse muitas vezes que o grande pesar da minha vida tinha a ver com a opção que ambos haviam feito. E, confesso, nunca tive esperança de ter a alegria de os ver seguir o exemplo paterno, cujo compromisso político se foi esbatendo com o tempo. Não no pensamento ou ideologia, julgo eu, mas na praxis da vida quotidiana”.
Miguel partiu precocemente, Paulo decide seguir outro caminho, despedindo-se da liderança do CDS. Finalmente, para Helena.
“Deus compensou-me e permitiu que, em vida, eu pudesse ter esse conforto. E hoje pude passar um dia tranquilo, sem ler ou ouvir as barbaridades de ódio que, por certo se terão dito, no meio de alguns elogios que, acredito, outros possam ter feito. Esse é o mundo da política. Que, espero, passados uns meses, já não faça mais parte do meu”, conclui, num texto com o título “Saber esperar”.