O Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, criticou hoje a “parcialidade” dos países do Grupo de Contacto Internacional, que se reuniu pela primeira vez quinta-feira, e pediu uma “eleição presidencial livre” na Venezuela.
“Nós rejeitamos a parcialidade” do documento do Grupo de Contacto Internacional (GCI), “mas estou pronto e disposto a receber qualquer enviado” deste bloco de países europeus e latino-americanos, disse o Presidente da Venezuela, hoje numa conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores.
Estas posições de Maduro surgem um dia depois de o GCI, na sua primeira reunião, decidir enviar representantes para Caracas para se reunirem com ambas as partes no país, reconhecendo que a crise humanitária “se está a aprofundar”.
O GCI para a Venezuela, reunido quinta-feira em Montevideu, apelou ainda à realização de “eleições presidenciais livres”, segundo a declaração divulgada no final dos trabalhos.
Participaram nesta primeira reunião do GCI a União Europeia (UE), que esteve representada pela chefe da diplomacia europeia, a italiana Federica Mogherini, e por oito Estados-membros do bloco comunitário (Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Suécia).
Do lado da América Latina, estiveram presentes a Bolívia, Costa Rica, Equador, México e Uruguai.
Portugal foi representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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