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Luís Filipe Menezes 2.0

Gostava de ver, de novo, Luís Filipe Menezes na Câmara de Gaia. Eu sei, eu sei, há várias questões jurídicas e económicas a decorrer em relação aos seus mandatos à frente de Gaia. Também sei, que consta que logo que Luís Filipe Menezes deixar de ser conselheiro de Estado perde a imunidade e virão mais problemas.

Todavia se Luís Filipe Menezes tivesse ficado à frente da Câmara de Gaia por mais anos, poderia resolver os casos pendentes à sua maneira que estavam sob a sua alçada. Não me acredito que tenha usado de má-fé, o problema é que se pôs a jeito como se costuma dizer.

Por outro lado, também sei que em Portugal há muito a “teoria do que vem a seguir”. Isto é, a pessoa que ocupa um lugar a seguir a outro tem por hábito dizer sempre mal do seu antecessor. Basta ver um mero exemplo de alguém que faz obras em nossa casa, a culpa é sempre de quem veio antes, o picheleiro a dizer mal do trolha, o electricista a dizer mal dos buracos feitos, etc..

É normal, em Portugal, o presidente de Câmara que toma posse a dizer mal do seu antecessor, o primeiro-ministro que toma posse dizer mal do seu antecessor e assim sucessivamente. Faz parte da cultura de maledicência portuguesa.

Eu não sei porquê, mas gosto de Luís Filipe Menezes. Já o critiquei várias vezes e fez coisas para mim inexplicáveis. Por exemplo, estava nos últimos tempos muito mal rodeado, deste modo mal aconselhado, começou a pensar cedo demais no Porto, nunca conseguiu explicar bem que a ida para o Porto era para um bom projecto, e não, para ocupar um lugar que tinha que deixar o de Gaia. Por fim, uma análise com alguma distância, se soubesse esperar quatro anos, pela obrigatoriedade da limitação de mandatos teria, de novo, a cidade de Gaia a seus pés.

Gosto de Luís Filipe Menezes pelo seu lado educado, bom aspecto, rebelde, insubmisso, em que o limite é o céu. Nada com ele é impossível, basta ver o que fez em Gaia. Há uma cidade de Gaia antes de Menezes e depois de Menezes (vivo em Gaia há 30 anos). É um sonhador, criativo e charmoso que conseguiu envolver as pessoas nos seus sonhos. O problema coloca-se nos seus exageros.

No seu léxico não existe a palavra impossível. Aliás conseguiu fazer do impossível possível. Há uns anos atrás quando se dizia que se ia a Gaia. Quem vivia do lado do Porto dizia que se ia a “Marrocos”. Designação depreciativa de quem atravessava a ponte Arrábida e que vivia num local mais parecido com o norte de África do que com uma zona de um país europeu. Esta expressão é de um bairrismo exacerbado mas tinha um fundo de verdade, faltava quase tudo a Gaia. Agora não tem razão de ser.

Gaia tem um litoral do melhor de Portugal, saneamento básico, infra-estruturas de todo o tipo de uma rede viária de fazer inveja a qualquer das melhores cidades portuguesas. O seu calcanhar de Aquiles foi o interior de Gaia. A lei de limitação de mandatos é que impediu a execução desse plano pós-2013.

Com Luís Filipe Menezes à frente de Gaia, a cidade ganhou em estatuto, classe e modernidade. Gaia não pode ser o parente pobre do Porto. Gaia é Gaia, têm uma história igual ao Porto mas tem mais gente e mais espaço que o Porto. Falta-lhe ter o mesmo “nome”, todavia com o tempo havia de o conseguir. Um nome é algo que demora a fazer-se.

Deste modo Luís Filipe Menezes deveria ponderar voltar a Gaia noutro registo, na versão Luís Filipe Menezes 2.0, juntar a sua veia inovadora mas com mais controlo dos gastos e acompanhado de outro tipo de pessoas, as sanguessugas que andaram à sua volta prejudicaram-no seriamente.

Gaia é uma cidade que merece ter alguém com “pedigree”. Não sei se está pelos ajustes e quer voltar? Eu como gaiense gostava de o ter de volta, perdoo-lhe algumas coisas menos correctas se me souber explicar o que se passou.

Mas nesse futuro projecto deve rodear-se de pessoas menos dos partidos e mais da sociedade civil. Acabar o que ficou por fazer, num projecto sempre para a frente mas mais sustentável. No fundo uma nova versão Luís Filipe Menezes 2.0  , com um “reset”.

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