Lobo Xavier acusa o partido do qual foi dirigente e Paulo Portas de serem “os causadores” da crise política. Para o comentador, nem o CDS, nem o ex-ministro se podem “apresentar como vítimas” quando “a única solução é pôr o presidente demitido do Governo a negociar com o primeiro-ministro”.
Paulo Portas e o CDS são “os causadores” da crise política em Portugal, acusou ontem à noite António Lobo Xavier, antigo dirigente dos centristas. Para o agora comentador político, “o CDS não pode apresentar-se como vítima nem Paulo Portas porque são os causadores disto”, tanto mais que não apresentam “uma solução” fiável.
“O mesmo partido que a única solução que tem é pôr o seu presidente demitido do Governo a negociar com o primeiro-ministro de quem ele diz não se poder ter confiança nenhuma e de cuja competência ele duvida de forma absolutamente ostensiva é um partido que não está preparado para uma solução como esta”, justificou-se.
Para Lobo Xavier, “é muito difícil perceber que o partido das empresas, da iniciativa privada e da economia esteja em silêncio, num silêncio vago numa crise destas, sem nenhuma declaração política forte”.
Um “silêncio” que pode durar, pois o congresso do CDS, previsto para este fim de semana, foi adiado, facto que ontem à noite ainda não era conhecido. “A realização do congresso é uma coisa incompreensível, só compreensível num partido monolítico”, acusou Lobo Xavier: “o partido está em silêncio neste momento, não existe nenhuma solução governativa, não se sabe qual é o compromisso do partido com a estabilidade e com uma solução para o país. Vai fazer um congresso para falar sobre o quê?”
Já a “declaração política” de Passos Coelho, na resposta à demissão do então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, deixou o antigo dirigente do CDS “espantado”, como revelou no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias.
Se Lobo Xavier não defende a antecipação das eleições legislativas, admitiu que se ocorrerem será por culpa do CDS e de Paulo Portas. No mesmo programa, Pacheco Pereira apelou à realização de eleições antecipadas e António Costa sustentou que o Presidente da República “não tem margem para nada”, tendo de esperar pelo desenrolar dos acontecimentos.